segunda-feira

O ano de 2007, este que está quase a acabar, este que no momento em que escrevo tem já apenas 9 horas e 52 minutos de tempo contado para existir aqui, está a ser um dos melhores e mais importantes anos da minha vida. Repleto de descobertas e aprendizagens, cheio de coisas duras e pesadas de suportar, como no fundo a vida também deve ser.
Muitos amigos fiz este ano, de muitas pessoas me reaproximei, disse como nunca o tinha feito que Amo, a quem Amo. Abracei para sentir, beijei para saborear, entreguei-me à minha vida e às pessoas que me rodeiam como nunca o tinha sentido fazer, fugi de muito menos coisas, desapareci muito menos, apareci em mim e olhei-me com atenção, abracei-me e acolhi-me.
2007 Está perto do fim e eu sinto que este ano, apesar de ter passado a correr, foi vivido, por vezes sinto que fui apresentado a mim mesmo em 2007. E quem me lê que me desculpe pelo Narcisismo, mas eu gosto mesmo de mim.
Quantas vezes no passado, ou invés de ser, estar presente, no momento, lutei contra moinhos para ser o que pensava que deveria, ou o que pensava que o outro queria. Quantos juízos de valor fiz sobre mim mesmo, quase todos muito mal fundamentados e sem sentido. Quantas pessoas amei sem o afirmar, sem sequer me permitir tomar consciência. Em 2007 muito pouco. Este ano está gravado em mim, nesta noite de fim de ano não vou escrever cartas de despedida à vida, não me vou despedir de nada, nem sequer me vou preocupar em me despedir de 2007, ele está gravado em mim. Há dez anos atrás escrevia “tudo o que toquei, fiquei.” Este ano ao invés de o escrever, senti-o, em mim na minha pele, no meu corpo no meu ser, presente mais maravilhoso que alguma vez recebi na e da vida.
A todos, desejo uma vida cheia de presentes maravilhosos. A todos desejo que se sintam tanto ou mais presenteados por serem o que são, como eu me sinto presenteado por existirem em mim como são.
A vida é bela, é para ser vivida apaixonadamente, sempre.
Está quase a chegar 2008, eu vou recebê-lo e entregar-me a ele de braços e peito aberto.

Este post foi apagado porque o autor deste espaço de merda tem a mania de querer partilhar os seus sentimentos e por vezes perde a noção que está a partilhar o que pode não ser só seu.

sábado

O CÉU FICA NO QUINTO ANDAR!

sexta-feira

Afirmo não existirem coincidências, mas de repente acontecem certas coisas, meio estranhas, que me põem a questionar a veracidade da minha afirmação.
Há dois dias atrás convidei um amiga para jantar fora comigo, durante a conversa e enquanto bebia um uisky para me abrir o apetite e continuar com a tradição familiar de beber um aperitivo escocês antes do jantar, pergunto-lhe o que lhe apetece comer, ela não sabe, qualquer coisa, não está com muita fome. Eu afirmo que o que me apetecia comer era uma lasanha. Acabei por comer um bife no satélite, não queríamos ir para Lisboa. A lasanha passou.
Dois dias depois recebo um convite para jantar de outra amiga, digo-lhe que me apetece cozinhar e não ir jantar fora, ela diz-me que é fim do mês e as finanças não andam bem, as minhas também não, e por isso parece-lhe uma óptima ideia jantarmos qualquer coisa em casa, ela diz-me que vai cozinhar o jantar para nós, eu levo o vinho, digo-lhe que não como tripas à moda do Porto nem favas, ela diz-me que vai cozinhar uma lasanha vegetariana. A lasanha voltou e pelos vistos sempre vai acontecer.

quinta-feira

That's how it starts.
We go back to your house.
We check the charts,
And start to figure it out.

And if it's crowded, all the better,
because we know we're gonna be up late.
But if you're worried about the weather
then you picked the wrong place to stay.
That's how it starts.

And so it starts.
You switch the engine on.
We set controls for the heart of the sun,
one of the ways we show our age.

And if the sun comes up, if the sun comes up, if the sun comes up
and I still don't wanna stagger home.
Then it's the memory of our betters
that are keeping us on our feet.

You spent the first five years trying to get with the plan,
and the next five years trying to be with your friends again.

You're talking 45 turns just as fast as you can,
yeah, I know it gets tired, but it's better when we pretend.

It comes apart,
the way it does in bad films.
Except in parts,
when the moral kicks in.

Though when we're running out of the drugs
and the conversation's winding away.
I wouldn't trade one stupid decision
for another five years of lies.

You drop the first ten years just as fast as you can,
and the next ten people who are trying to be polite.
When you're blowing eighty-five days in the middle of France,
Yeah, I know it gets tired only where are your friends tonight?

And to tell the truth.
Oh, this could be the last time.
So here we go,
like a sail's force into the night

And if I made a fool, if I made a fool, if I made a fool
on the road, there's always this.
And if I'm sewn into submission,
I can still come home to this.

And with a face like a dad and a laughable stand,
you can sleep on the plane or review what you said.
When you're drunk and the kids leave impossible tasks
you think over and over, "hey, I'm finally dead."

Oh, if the trip and the plan come apart in your hand,
you look contorted on yourself your ridiculous prop.
You forgot what you meant when you read what you said,
and you always knew you were tired, but then,
where are your friends tonight?

Where are your friends tonight?
Where are your friends tonight?

If I could see all my friends tonight,
If I could see all my friends tonight,
If I could see all my friends tonight,
If I could see all my friends tonight

As palavras são criaturas vivas e perigosas, brincar com elas ou jogar com elas pode ser um risco muito grande e as consequências desse jogo podem ser drásticas.
Eu é que parece que não consigo compreender isso, aceitar isso e mudar isso em mim, continuo a não conseguir parar de jogar, nos últimos tempos já consigo não ser eu a dar inicio à partida, mas sou incapaz de lhe colocar um ponto final, e respondo sempre a um desafio.
E depois sofro com isso ou fico preocupado com o significado das minhas palavras no outro.
Gosto de contradizer, gosto de afirmar, gosto de questionar, gosto de ser posto à prova e gosto que duvidem de mim, gosto de responder. Mas não sei nunca perceber onde está a fronteira entre a verbalização e o sentir.
Será que é mesmo verdade que antes de tudo está o verbo, será que não é possível sentir sem conjugar esse sentimento?


Quiz musical #08
dica = nem é necessário dificuldade = não tem nenhuma

"(...)
Oh no, you try
You fly straight into my heart
You fly straight into my heart
Girl, I know you try
You fly straight into my heart
You fly straight into my heart
But here comes the fall...
(...)"

De volta ao tema dos segredos.
Não gosto de ter segredos, não gosto de guardar os segredos dos outros.
O que eu gosto e quero é ser o teu segredo.

quarta-feira

Este é um dia cheio de memórias boas para mim. Se fosse vivo hoje o Pai faria 66 anos. Como nunca festejou o natal, festejava o aniversário dele e dava prendas no aniversário dele, e por isso até aos meus 30 anos esta altura do ano sempre foi cheia de festa.Deste dia tenho tantas memórias, de jantares ou almoços, de partilhas e conversas, de uisky, de prendas dadas e recebidas.O que lembro com mais carinho foi no dia 26 de Dezembro de 1991, o Sr. Grisalho fazia 50anos, cheguei a casa dele ainda nem meio-dia era, o plano era almoçar e passar a tarde e quem sabe jantar. Quando cheguei o Sr. Grisalho estava a tomar banho e como sempre fazia, perguntava-me se tinha tomado banho ou não e na maior parte das vezes lá me convencia a tomar banho também.Pouco depois chegou a minha irmã mais velha e então o Pai disse que nos queria ir apresentar um grande amigo dele, saímos os três, fomos até à universidade de agronomia, andamos pelo jardim, sem eu perceber nada daquilo, e de súbito, em frente a uma palmeira enorme que lá vive, o meu Pai disse:- Luís, esta é a palmeirinha, palmeirinha este é o meu filho Luís.Ainda hoje gosto muito de ir até lá fazer companhia à amiga do meu Pai.Desculpem-me estes dois post’s tão pessoais de seguida, mas apetece-me.

segunda-feira

Uma certa melancolia invade-me neste dia, tem sido assim há muitos anos. Quando era fisicamente e temporalmente criança abria as minhas prendas todas antes do dia, era curioso demais e não aguentava a espera. Depois ficava ansioso para que ninguém descobrisse que o tinha feito. Depois na juventude alguns natais eram uma chatice, simplesmente não me apetecia estar com a família, ainda não tinha sentido a importância de ter uma família e ainda não tinha consciência da sorte que tenho por ter aparecido neste mundo rodeado das pessoas maravilhosas que compõem a minha família.
Nos últimos anos faço um esforço para estar bem, para estar feliz e animado, sei o quanto sou amado pelas pessoas que me rodeiam e sei que elas gostam de me sentir feliz, sei que quando estou bem, de bom humor e feliz posso e consigo ser um maravilhoso bobo da corte e um motor para que a noite seja boa, tento isso por elas e por mim, mas este dia leva-me sempre a fazer balanços, a lembrar sonhos antigos que não se concretizaram, e lembrar as pessoas que já não estão perto de mim. No fundo este dia leva-me sempre a cair no passado e normalmente quando lá vou, é com melancolia que de lá volto.
Tenho imensa dificuldade com a obrigação, gosto de dar prendas, mas o que gosto mesmo é de oferecer aos outros o que sei e sinto que os outros sonham viver. Quando tenho que comprar bens materiais para os outros fico sempre na duvida entre oferecer o que os outros precisam ou o que os outros desejam e depois nunca tenho dinheiro para comprar o que realmente quero dar, odeio compras, odeio centros comerciais e na verdade tenho imensa dificuldade em lidar com multidões. Acabo sempre por fazer as coisas à última hora, o que ainda é pior e acabo sempre por oferecer aos outros uma coisa qualquer e passados dois meses já nem me lembro o que ofereci, não gosto disto.
O natal mais feliz da minha vida foi passado no Brasil, fazia dois meses que o meu Pai tinha morrido e tínhamos marcado uma viagem todos juntos para o Brasil para passar esse natal e essa passagem de ano com a família do meu Pai. Apesar dele já não estar entre nós, eu as minhas irmãs e as minhas sobrinhas decidimos manter o plano de estar com pessoas que amamos demais, mas com as quais temos pouco contacto físico. Foi bom demais, cheio de partilhas, partilhas de histórias do passado, partilhas de momentos presentes, partilhas de sonhos e objectivos para o futuro. Nesse natal percebi o quão importante é ter uma família unida, senti o que é o amor sem razão, sem porquê. Senti que não é preciso estar perto para amar, senti em todos os meus poros a felicidade e a sorte que tenho por existirem pessoas tão boas, maravilhosas, quentes, grandes em meu redor e essas pessoas terem um passado comum comigo.
Este natal vai ser como tem sido nos últimos anos, desde que a minha irmã teve duas filhas lindas passamos o natal na casa do Estoril, onde ela vive com a minha mãe e onde já vivi também, duas vezes na minha vida. É um natal simples, com muita comida que sempre sobra para os dias seguintes, é um natal onde o verdadeiro objectivo é fazer com que seja um dia especial para as crianças, é um natal em que amigos, por diferentes razões, vêm também para junto de nós, o que eu gosto porque passa a ser uma festa da grande família. Espero este ano ser possível abrir prendas à meia-noite, coisa que sempre aconteceu quando eu era criança mas que nos últimos anos não tem acontecido, porque pelos vistos agora as crianças já não aguentam acordadas como eu aguentava.
Na verdade, tirando as crianças que são completamente infectadas pelo vírus do natal, este dia é mesmo importante é para a minha irmã Kitty, ela sempre foi e continua a ser a pessoa da família que mais gosta da data e da festa e nos últimos anos tem sido ela a organizar tudo, talvez porque é ela a única que tem filhos, talvez por sempre ter gostado do natal, não sei. O que sei é que também por ela o melhor que eu posso e devo oferecer às pessoas que amo é o meu esforço para não permitir que esta melancolia que sempre me invade nesta altura do ano me consuma.
Feliz Natal a todos.

sexta-feira

Somos únicos, todos o dizem, todos o sentem, cada qual é como é, é um ser único. E a principal razão para assim ser não é o facto de uns sermos morenos, outros loiros, uns pretos, outros brancos, a principal razão para assim ser é o facto de cada qual sentir a realidade à sua maneira, particular.
A situação é a seguinte: um ovo é retirado do frigorífico e durante a viagem que o levaria à frigideira, escorrega da mão e cai ao chão, parte-se como é óbvio e suja o chão da cozinha.
Pessoas há que ficarão irritadíssimas, com o dia estragado. Outras vão culpabilizar-se e mal tratar-se por não ter segurado o ovo como deve ser. Outros vão ao frigorífico buscar outro ovo e pelo caminho até podem pisar o que partido está no chão. Outros vão rir-se com a situação. Até existe quem tente recuperar o que resta do ovo e ao invés de estrelar, mexe.
O que nos torna únicos é a forma como sentimos o que vivemos e como agimos na consequência disso. Por isso desejar que o outro sinta a realidade da mesma forma que nós, e interaja com ela segundo o nosso sentir, não só é desejar o impossível como não é lá muito bom, se outra pessoa no mundo sentisse a minha realidade exactamente da mesma maneira que eu, seria uma fotocópia de mim, e todos sabemos que eu não gosto de fotocópias, gaguejo com elas, eu gosto mesmo é do original, do diferente de mim.
Para gostar do igual a mim, já me basta eu mesmo e o quanto gosto disso.
Para gostar do outro, basta-me gostar de Ti.

Faz já algum tempo desde a última vez que te vi sorrir entre poetas.



A CAIXA


Era uma vez um bacalhau que ao invés de passar o Natal sozinho ou com o primo Gomes Sá, passou o Natal com todos.

quarta-feira

hoje o dia está mesmo cinzento, de noite tive pesadelos, a manhã amanheceu chuvosa, os problemas multiplicam-se no atelier e continua a chover lá fora e de súbito um telefonema.
- Luís, acabou de chegar aqui a casa uma encomenda para ti que vem de Inglaterra, o remetente é um waste qualquer coisa.
e de súbito estou dentro do arco-iris.

Agenda de Vladimir Severo
Quarta-feira, 19 de Dezembro de 2007.

Ir ao super-mercado comprar:
Para a Sopa de Amêijoas:
1 Kg de amêijoas
2 alhos
coentros
1 dl de azeite
sal q.b.
pimenta preta q.b.
pão de milho.
Para a Punheta de Bacalhau:
2 ovos cozidos
1 pimento grande verde
2 postas de bacalhau
1 cebola média
2 dentes de alho
sal q.b.
pimenta q.b.
1 colher de sobremesa de salsa picada
6 colheres de sopa de azeite +-
2 colheres de sopa de vinagre +-
Para o Faisão Romântico:
1 faisão
pimenta
2 folhas de videira
1 cebola
sal
2 fatias de toucinho
200 g de margarina
1 dl de vinho branco seco
100 g de castanhas
400 g de couve-de-bruxelas.
Para os Morangos com Molho de Chocolate Branco:
180 g de chocolate branco ralado
1 chávena de chá de natas
0,5 dl de sumo de limão
2 chávenas de chá de morangos fatiados
1 colher de chá de raspas de limão
3 colheres de sopa de açúcar
Para a decoração:
120 g de chocolate branco ralado
1 colher de sopa de manteiga derretida
25 morangos grandes.

terça-feira

Nunca me tinha sentido tão agarrado a um capacete.


Ler Fernando Pessoa ao acaso é melhor que qualquer horóscopo ou que o I-Ching ou que as cartas do Tarot, ler Fernando Pessoa ao acaso é uma viagem sideral e intemporal por nós mesmos.

Já não me resta a menor dúvida, quando não encontro as palavras que procuro, deixo-me viajar pelas palavras de Fernando Pessoa e quase sempre encontro até o que pensava que já não procurava.


“O amor romântico é como um traje, que, como não é eterno, dura tanto quanto dura; e, em breve, sob a veste do ideal que formámos, que se esfacela, surge o corpo real da pessoa humana, em que o vestimos. O amor romântico, portanto, é um caminho de desilusão. Só o não é quando a desilusão, aceite desde o princípio, decide variar de ideal constantemente, tecer constantemente, nas oficinas da alma, novos trajes, com que constantemente se renove o aspecto da criatura, por eles vestida.”




Canto de Ossanha
Vinicius de Moraes

"O canto da mais difícil
E mais misteriosa das deusas
Do candomblé baiano
Aquela que sabe tudo
Sobre as ervas
Sobre a alquimia do amor"

Deaaá! Deeerê! Deaaá!

O homem que diz "dou"
Não dá!
Porque quem dá mesmo
Não diz!
O homem que diz "vou"
Não vai!
Porque quando foi
Já não quis!
O homem que diz "sou"
Não é!
Porque quem é mesmo "é"
Não sou!
O homem que diz "dou"
Não dá!
Porque ninguém dá
Quando quer
Coitado do homem que cai
No canto de Ossanha
Traidor!
Coitado do homem que vai
Atrás de mandinga de amor...

Vai! Vai! Vai! Vai!
Não Vou!
Vai! Vai! Vai! Vai!
Não Vou!
Vai! Vai! Vai! Vai!
Não Vou!
Vai! Vai! Vai! Vai!
Não Vou!...

Que eu não sou ninguém de ir
Em conversa de esquecer
A tristeza de um amor
Que passou
Não!
Eu só vou se for prá ver
Uma estrela aparecer
Na manhã de um novo amor...

Amigo sinhô
Saravá
Xangô me mandou lhe dizer
Se é canto de Ossanha
Não vá!
Que muito vai se arrepender
Pergunte pr'o seu Orixá
O amor só é bom se doer
Pergunte pr'o seu Orixá
O amor só é bom se doer...

Vai! Vai! Vai! Vai!
Amar!
Vai! Vai! Vai! Vai!
Sofrer!
Vai! Vai! Vai! Vai!
Chorar!
Vai! Vai! Vai! Vai!
Dizer!...

Que eu não sou ninguém de ir
Em conversa de esquecer
A tristeza de um amor
Que passou
Não!
Eu só vou se for prá ver
Uma estrela aparecer
Na manhã de um novo amor...

Vai! Vai! Vai! Vai!
Amar!
Vai! Vai! Vai! Vai!
Sofrer!
Vai! Vai! Vai! Vai!
Chorar!
Vai! Vai! Vai! Vai!
Dizer!...(2x)

Neste momento o que penso é que vivemos para aprender, existimos nesta realidade e se existe algum sentido para isso, hoje o meu sentido é que existo para aprender. Tudo o que acontece nas nossas vidas só faz sentido se aprendermos alguma coisa com isso, é no tomar consciência daquilo que aprendemos que ganha sentido o acontecido.
Sendo assim, e porque já o disse aqui e é verdade, sou viciado em divagar, yupii!!! Cá vou eu dar corda ao meu vício.
Sendo assim, se o que aqui fazemos é aprender, então de que nos vale sonhar e desejar com algo perfeito, exacto, total somatório de tudo o que já sabemos? O que é mesmo bom é viver o que tem algo para nos ensinar, melhor ainda é mesmo viver o não desejado.
Dizem os Budistas que desejar é o primeiro passo para sofrer, durante algum tempo este conceito Budista mexeu comigo ao ponto de me irritar, sempre me senti um ser ambicioso e sempre dei valor à ambição, depois apercebi-me que existem alguns momentos na vida de cada um de nós onde na verdade não desejamos, não estou a falar nos momentos onde não desejamos nada, estou a falar dos momentos onde por e simplesmente não desejamos, e esses momentos são tão bons, tão plenos. Um dos exemplos mais simples e cabais disto é o orgasmo, não acredito que alguém me possa dizer que durante um orgasmo deseja algo, quanto muito podem dizer que uns minutos depois do orgasmo podem já estar a desejar ter outro, mas durante o orgasmo…
Resumindo e concluindo, a única coisa que desejo hoje é não desejar nada contigo durante algumas tardes, noites e manhãs. E para que não restem duvidas, sim o contigo é para alguém particular, o que não quer dizer que não seja para todos o resto do texto.

Perguntaram-me por um tapete, não tenho. Ofereci uma cama, mas o que realmente queriam era um sofá. Moral da história: ainda bem que não sou vendedor na Moviflor.

segunda-feira

O Passado.

"Vivo sempre no presente. O futuro, não o conheço. O passado, já o não tenho. Pesa-me um como a possibilidade de tudo, o outro como a realidade de nada. Não tenho esperanças nem saudades. Conhecendo o que tem sido a minha vida até hoje - tantas vezes e em tanto o contrário do que eu a desejara -, que posso presumir da minha vida de amanhã senão que será o que não presumo, o que não quero, o que me acontece de fora, até através da minha vontade? Nem tenho nada no meu passado que relembre com o desejo inútil de o repetir. Nunca fui senão um vestígio e um simulacro de mim. O meu passado é tudo quanto não consegui ser. Nem as sensações de momentos idos me são saudosas: o que se sente exige o momento; passado este, há um virar de página e a história continua, mas não o texto."
Fernando Pessoa, in 'Livro do Desassossego'

"A carruagem do passado não nos leva longe"
Máximo Gorky

"Escrever a história é um modo de nos livrarmos do passado"
Johann Gothe

"Todo aquele que se volta para o próprio passado não merece encarar o futuro"
Oscar Wilde

O que há em mim é sobretudo cansaço

"O que há em mim é sobretudo cansaço
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.

A subtileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto alguém.
Essas coisas todas -
Essas e o que faz falta nelas eternamente -;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.

Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada -
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...

E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço.
Íssimo, íssimo. íssimo,
Cansaço..."
Álvaro de Campos

A opinião mais interessante que recebi acerca deste meu espaço, veio de alguém que não esperava, e foi de que a minha escrita no blog parece ser sempre dirigida a alguém, alguém em particular e talvez sempre a mesma pessoa, particular.
Assim sendo, e como fiquei a pensar e a sentir um monte de coisas depois de ter recebido esta opinião, passo a tentar explicar e publicar aqui o que neste momento me vai na alma.
Na verdade escrevo quase sempre para alguém em particular, mesmo quando escrevo ficção, estou quase sempre a imaginar a pessoa ‘A’ ou outra qualquer a ler e tento sempre imaginar como será ler, o que escrevo.
Depois quase todos os textos publicados neste blog foram escritos a pensar em alguém muito específico e particular, quase sempre uma mulher, as mulheres fascinam-me e é quase sempre para elas que escrevo.
No entanto não é sempre para a mesma mulher, nem sequer é para a mulher com que sonho e por vezes consigo vislumbrar por entre os nevoeiros que nos envolvem, a todos.
Sei bem que a paixão é uma projecção dos nossos sonhos e desejos, num outro que por qualquer motivo parece ser o portador único e ideal para os mesmos.
Depois existem muitos textos e citações por aqui, que são simplesmente uma forma bela que encontro para transmitir através das palavras de outros que admiro, o que sinto no momento.
Já escrevi aqui sobre amigas, já escrevi aqui sobre antigas relações, já escrevi aqui sobre mulheres que nem sequer conhecia pessoalmente quando escrevi, já escrevi sobre irmãs, já escrevi sobre mulheres que me fascinam e me encantam num determinado momento da minha vida.
Mas o mais importante que hoje quero aqui deixar escrito é que apesar de escrever sempre para alguém, o que este ano e tal de blog já me ensinou é que na verdade sou tão egocêntrico que escrevo é mesmo para mim, ultimamente tenho tido imenso prazer em ir ler as coisas mais antigas que aqui publiquei, perceber que dei inicio a este blog para ele ser um diário, que queria fazer uma critica irónica aos blogs das pessoas que escrevem hoje aconteceu-me isto ou aquilo, queria fazer uma brincadeira com o tornar possível ser publico um diário. E depois de um ano e tal este espaço acaba por ser isso mesmo, mas para mim e apenas para mim, porque apenas eu sei o que sentia nos momentos em que escrevi o que escrevi, porque apenas eu vivo a minha memória sendo ela um retrato fidedigno ou não da realidade que no passado foi tangível, porque por mais que tente e consiga partilhar a minha vida, apenas eu a vivo.
Mas não tenhas dúvidas, é para ti que lês que eu escrevo.

"Um dia, num restaurante, fora do espaço e do tempo,
serviram-me o amor como dobrada fria.
Disse delicadamente ao missionário da cozinha
que a preferia quente,
que a dobrada (e era à moda do Porto) nunca se come fria.
Impacientaram-se comigo.
Nunca se pode ter razão, nem num restaurante.
Não comi, não pedi outra coisa, paguei a conta,
e vim passear para toda a rua.
Quem sabe o que isto quer dizer?
Eu não sei, e foi comigo...
(Sei muito bem que na infância de toda a gente houve um jardim
particular ou público, ou do vizinho.
Sei muito bem que brincarmos era o dono dele.
E que a tristeza é de hoje.)
Sei isso muitas vezes,
mas se eu pedi amor, porque é que me trouxeram
dobrada à moda do Porto fria?
Não é prato que se possa comer frio.
Não me queixei, mas estava frio,
nunca se pode comer frio, mas veio frio."

Álvaro de Campos

estou completamente farto de análises psicológicas!

Mulher prevenida vale por duas?
ela - quero dar-te um beijo, posso?
ele - eh pá, tenho os lábios secos!
ela - não há problema, toma.
e deu-me um baton para o cieiro.

sexta-feira

já aqui tinha dito que gaguejo sempre que tento dizer fotocópias?

Rasta - Parta este gajo!

por favor.

Quiz musical #07
dica = nem é necessário dificuldade = não tem nenhuma

"(...)
I'm standing on a stage
Of fear and self-doubt
It's a hollow playspan
But they'll clap anyway
(...)"

Agenda de Vladimir Severo
Sexta-feira, 14 de Dezembro de 2007.

Ir à farmácia, mandar fazer preservativos por medida.

Andou e anda a viajar pela blogosfera o desafio de transcrever o que se encontra na página 106 e na linha 5 do livro que estamos a ler no momento, até há quem diga que isso é uma maneira de ler o futuro.

Pois eu neste momento estou a ler dois livros:
1 – Em Busca do Carneiro Selvagem de Haruki Murakami
2 – O Anticristo de Friedrich Nietzsche

Passo a transcrever.:

1 – “Acabei de reler o que ficou escrito para trás. Com uma ou outra incoerência, é certo, mas, para uma obra da minha autoria, até está bastante sincera. Pode até dizer-se que as passagens inconsistentes são de longe as melhores”

2 – “ A pregação da castidade é uma incitação pública à antinatureza. Todo o desprezo da vida sexual, toda a sua infecção mediante o conceito de «impuro», é o genuíno pecado contra o espírito santo da vida.”

Aceitam-se sugestões sobre o que me reserva o futuro.

Textos ou Devaneios por ElMauNitch #03

Quem precisa ter a certeza antes de experimentar, ou acreditar antes de viver, raramente consegue se entregar por inteiro e verdadeiramente ao sentir.

Eles estão todos a dormir, eles podem. Podem passar a noite no disparate. Podem beber umas cervejas a mais ou uns whiskys ou moscatel, podem descobrir que isto há gente viciada em tudo e mais alguma coisa.
Há gente viciada no jogo, no rabo, no ópio, no garrote, em mamas, até há gente viciada em nadar ou lavar as mãos e os dentes.
Vícios é o que se quiser, cada um sabe dos seus, serve para arrecadar pontos, é sempre dez para cada um, só tens que te lembrar de uma palavra qualquer que comece pela letra em causa, se for um verbo ainda melhor. Vais-me dizer que não há gente viciada em mamar? Olha, eu tenho um amigo que é viciado em dormir, eu mesmo sou viciado em divagar.
Só eu é que sou um pobre coitado, um Zé ninguém, um António fala barato, um Chico esperto que não sabe com quantas teclas se construí um piano para alguém como eu, que não sabe também ler as pautas daquilo que toca. E deixo-me ir na curva e na contra curva e depois muitas vezes espeto-me, e depois durmo quatro horas e venho trabalhar a dormir. Mas será que toquei?
Isto há noites! Cada vez mais me convenço que o futuro, quando se faz presente, não é nunca o que no passado supusemos que seria. Hoje vou para casa, janto cedo qualquer coisa e deito-me a ler um pouco porque deitar cedo e cedo erguer dá saúde e faz crescer.
- Olha Severo, tens planos para jantar hoje?
- Planos, planos não. Porquê?
- Podíamos jantar juntos.
- Parece-me uma óptima ideia, vou buscar-te a casa quando sair.
- Combinado.
E pronto não aconteceu nada do que eu pensava que iria acontecer. Por um lado até é um alívio ser sempre assim, porque já começo a sentir que se isto continua exponencial, pode muito bem o futuro trazer situações delicadas e colocar-me a jogar do outro lado da mesa. E não faças aos outros aquilo que não gostas que te façam a ti, pelo menos tenta não fazer da mesma forma.

quinta-feira

Sonho Impossível
Chico Buarque

Sonhar
Mais um sonho impossível
Lutar
Quando é fácil ceder
Vencer
O inimigo invencível
Negar
Quando a regra é vender
Sofrer
A tortura implacável
Romper
A incabível prisão
Voar
Num limite improvável
Tocar
O inacessível chão
É minha lei, é minha questão
Virar esse mundo
Cravar esse chão
Não me importa saber
Se é terrível demais
Quantas guerras terei que vencer
Por um pouco de paz
E amanhã, se esse chão que eu beijei
For meu leito e perdão
Vou saber que valeu delirar
E morrer de paixão
E assim, seja lá como for
Vai ter fim a infinita aflição
E o mundo vai ver uma flor
Brotar do impossível chão

Longa foi a noite
de espera e decisões
Triste foi a madrugada
dorida e conturbada
Funeral de ilusões

Depois daquela madrugada
quando o Sol por fim aqueceu
Corri sem abrandar
Ainda hoje não sei se fugia
ou se corria para alcançar

quarta-feira

Mais umas linhas que escrevi, há mais de dez anos. Só que hoje tenho especial vontade de as publicar.
Concorri numa espécie de concurso num blog de uma malta urbano-depressiva com um texto escrito de impulso, só para não me mal tratar mais tarde por nem ter concorrido. Perdi o concurso para a Amelinha, merecidamente, que tem um blog também, o Gira o Sol.

Os braços do moinho
Giram ao som do vento

O Girassol observa
O cheiro do Sol

A água do Rio
Toca o fundo do Mar

E todos sentem
Todos sonham
Todos vivem.

terça-feira


Poema com 10 anos
E passou um
E depois outro
E mais tarde, a Terra
Deu mais uma volta ao Sol
A seguir vi mais um nascer do dia
Já cansado reparei que eles vêm sempre
Sem falhar
Já habituado nem dava por eles
Uns atrás dos outros
Já resignado lá ia andando
Vazio, como eles
Até que num deles, acordado
Contei-os, vi como já são tantos
E finalmente percebi
Nunca mais nos encontramos.

Como Eu Não Possuo

"Olho
em volta de mim. Todos possuem
Um afecto, um sorriso ou um abraço.
Só para mim as ânsias se diluem
E não possuo mesmo quando enlaço.

Roça por mim, em longe, a teoria
Dos espasmos golfados ruivamente;
São êxtases da cor que eu fremiria,
Mas minh’alma pára e não os sente!

Quero sentir. Não sei ... perco-me todo ...
Não posso afeiçoar-me nem ser eu:
Falta-me egoísmo para ascender ao céu,
Falta-me unção pra me afundar no lodo.

Não sou amigo de ninguém. Pra o ser
Forçoso me era antes possuir
Quem eu estimasse - ou homem ou mulher,
E eu não logro nunca possuir!...

Castrado de alma e sem saber fixar-me,
Tarde a tarde na minha dor me afundo ...
Serei um emigrado doutro mundo
Que nem na minha dor posso encontrar-me ?

Como eu desejo o que ali vai na rua,
Tão ágil, tão agreste, tão de amor ....
Como eu quisera emaranhá-la nua,
Bebê-la em espasmos de harmonia e cor ! ...

Desejo errado... se a tivera um dia,
Toda sem véus, carne estilizada
Sob o meu corpo arfando transbordada
Nem mesmo assim – ó ânsia! – eu a teria...

Eu vibraria só agonizante
Sobre o seu corpo de êxtases doirados,
Se fosse aqueles seios transtornados
Se fosse aquele sexo aglutinante ...

Do embate ao meu amor todo me ruo,
E vejo-me em destroço até vencendo:
É que eu teria só, sentindo e sendo
Aquilo que estrebucho e não possuo."

Mário de Sá-Carneiro

Só falta mudar o nome para Zé
Para ser um ninguém nomeado
Cair estatelado na lama
Para estar como estou
Ai então, quem sabe?
Seria humilhado por outro
Realmente mal tratado
Por alguém que não eu mesmo
Ninguém.

Poema em Linha Reta

"Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo.
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cómico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.
Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...
Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,
Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?
Então sou só eu que é vil e erróneo nesta terra?
Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza."

Álvaro de Campos

Era uma vez um rapaz tão baixo, tão baixo, mas tão baixo que a água que saía quente do chuveiro, chegava fria às suas costas, um dia constipou-se e morreu.

segunda-feira

Hoje não há devaneios de ElMauNitch, não há Quiz musical, não há desabafos, não há musicas nem filmes, não há fotos nem poesia, não há mais nada que não seja apenas estas linhas para deixar aqui guardado que o meu dia foi cansativo e chato e por isso não me apetece estar aqui a escrever o que quer que seja.
Hoje não tenho nada de novo para dizer e falar do velho já estou farto.

sexta-feira

Quiz musical #06
dica = 80's dificuldade = 2/5

"(...)
I choose never to forget
I want our lips to kiss and our limbs to entwine
let our bodies be twisted but never our minds.
(...)"

Textos ou Devaneios por ElMauNitch #02

Todo o ser Humano, homem ou mulher, só procura uma relação amorosa para ter um parceiro certo e fixo para foder. O sexo é o sentido da vida, fodemos logo existimos!

Textos ou Devaneios por ElMauNitch #01

Enquanto a humanidade e a sociedade em geral não se convencerem que só existem dois lugares possíveis onde a mulher pode e deve trabalhar, este mundo não vai caminhar para nenhum estado de felicidade.
A mulher, com as suas capacidades naturais e com a sua margem de aprendizagem só pode trabalhar ou em casa ou na esquina.

AVISO À POPULAÇÃO.

O governo e as finanças querem fomentar o daltonismo.
Porquê é que os recibos verdes, não são verdes?
É urgente a revolução, antes de passares um recibo verde pinta-o todo de verde, assim estamos a fomentar as capacidades artísticas e motoras da população, vamos todos juntos fazer verde o que verde tem no nome.
Depois entrega o recibo mas recusa-te a receber o dinheiro, o vil metal, as verdinhas (que no nosso caso nem todas o são), a revolução é a greve ao salário, aos honorários, vamos finalmente ser todos verdadeiramente pobres.

quinta-feira

Hoje dormi pela primeira vez na minha casa nova e na minha cama nova, 2.00m x 2.00m. Dormi mesmo bem, mas fico meio que perdido no meio de uma cama tão grande, há pelo menos espaço para mais duas pessoas, alguém do sexo feminino precisa de um lugar para dormir?

quarta-feira

acabei de ver este video no blog de uma amélia, não resisti, tive que roubar para o meu também, está linda a animação, fabulosa, deve ser preciso cair um piano de cauda do céu para eu conseguir voltar a sentir um amor arrebatador na minha vida, que chouvam pianos!!!



Manuela, Cravo e Canela

#01


A carta chegou à caixa do correio, foi num tempo em que já haviam bipes e alguns telemóveis, poucos. Foi num tempo em que já havia Internet mas não era o que é hoje, algumas pessoas já a viviam e investigavam mas era uma minoria muito restrita.
A carta chegou sem aviso prévio ou de recepção e na casa, ou no país, ninguém a esperava.
A carta era sincera e verdadeira, era a carta.
Foi a mãe que a abriu, a carta era destinada a ela, vinha do Brasil e era da sobrinha da mãe, prima do narrador.
Tinha corações no lugar dos pontos dos i’s e por entre linhas e sobre linhas, o que dizia era que a sobrinha queria vir da sua terra natal para Portugal, tentar a vida, mudar de vida, viver, conhecer a família, encontrar-se, ser.
A tia da remetente ou a mãe do narrador, não pensou duas vezes, mandou dizer em resposta à carta que a Manuela devia vir e que teria todo o apoio deste lado do oceano.
Manuela nunca tinha andado de avião, fez escala no Rio de Janeiro e aterrou em Lisboa. Foi recebida pelas tias e entrou em casa com uma mala à frente e outra atrás.
O narrador recebeu-a de cuecas, como se já a conhecesse há tanto tempo, afinal são primos e os voos do Brasil chegavam de madrugada, não havia razão para a receber de outra forma, só uma forma pouco verdadeira. A prima chegou, o narrador estava a dormir, levantou-se, e de cuecas recebeu a Manuela.
Ela veio da terra da carne boa, na sua primeira refeição em Portugal a família quis levá-la a comer carne brasileira, que erro, como se em Portugal existisse carne brasileira da qualidade da carne brasileira que se come no Rio Grande do Sul.
E foi assim que Manuela começou logo ali a perceber que o Brasil tinha ficado sem dúvida alguma, do outro lado do oceano.


Qualquer semelhança com factos reais é pura coincidência, alheia ao autor da novela.

É cada vez mais fácil para um adepto do Sporting ser verde. Eu se fosse do Sporting já andava completamente verde com a produção da equipa.

bucólico
do Lat. bucolicu < Gr. boukolikós, boû(s) , boi + kólos, condutor
adj. ,relativo à vida do campo, dos pastores;
campestre, pastoril;
singelo, ingénuo, puro, inocente, simples, gracioso.

O nevoeiro parece que veio para ficar, o sol lá de vez em quando consegue passar por ele e aparecer, tímido. Está um ligeiro frio na rua e os níveis de humidade têm subido.
O dia está bucólico, talvez ainda caiam uns aguaceiros por aí, e como eu gosto de chuva, como eu gosto de nevoeiro e de frio, como a palavra bucólico me é tão querida, hoje parece-me ser um óptimo dia para ir ver e ouvir Au Revoir Simone.

terça-feira

Quiz musical #05
dificuldade = Fácil, Fácil

"(...)
Eu quero dar-te um Beijo a 50 e tal graus
(...)"

Uma pessoa começa a fazer escolhas e pronto, está tudo tramado. Sempre senti que a única liberdade que temos na vida é a de escolher, temos esse direito, hoje em dia, de escolher entre muitas realidades e situações, muitas vezes na verdade não estamos a escolher nada, porque as opções são todas as mesmas e o resultado vai ser o mesmo quer escolhemos uma ou outra.
Esta questão da escolha surge aqui e agora, porque fiz um post há uns dias atrás com os dez álbuns do ano de 2007 que mais ouvi e que mais gosto, até ao momento. Como não poderia deixar de ser, mal cliquei no publicar este post, comecei imediatamente a lembrar-me dos outros dez ou vinte que deixei de fora. Como sou um fraco, não sou capaz de não publicar mais dez álbuns de 2007 que gosto.
.
Devendra Banhart - Smokey Rolls Down Thunder Canyon

Feist - The Reminder Keren Ann - Keren Ann

Klaxons - Myths Of The Near Future

Of Montreal - Hissing Fauna, Are You The Destroyer?


Okkervil River - The Stage Names


Otros Aires - Dos


Patrick Wolf - The Magic Position

The Cinematics - A Strange Education


The Thrills - Teenager

segunda-feira

Belas notícias logo pela manhã!!
"Hello,
Just to let you know…
Your “In Rainbows” discbox has now left w.a.s.t.e. in the UK
You can expect delivery of your discbox in the following estimated times.
UK 1-8 days
Europe 1-14 days
Rest of World 5-18 days
Wherever possible (especially to customers in the USA), we’ve sent these by road and sea.
December is a busy time of year for postal services globally, so please be patient.
We thank you for your custom and hope you enjoy your discbox when you receive it.
Best wishes.
us @ w.a.s.t.e."

sexta-feira

Eu sei que ainda falta um mês, mas o tempo passa mesmo a correr e daqui a nada o ano acaba, e hoje apetece-me fazer o primeiro balanço dos albuns do ano. Esta é a lista dos dez albuns de 2007, dentro de um género de música, que mais ouvi e que mais gostei.

Arcade Fire - Neon Bible

Au Revoir Simone - The Bird of Music

Basia Bulat - Oh, My Darling

Beirut - The Flying Club Cup

Blonde Redhead - 23

Editors - An End Has a Start

Interpol - Our Love to Admire

Radiohead - In Rainbows

The Hours - Narcissus Road

The National - Boxer


quinta-feira

É um espaço para exorcizar o ego, e ao mesmo tempo, ou por isso mesmo; Um espaço para exercitar o “voyerismo”, sendo assim e porque escrevo num blog, tenho vontade de tentar misturar as coisas, penetrar nelas e volvê-las, senti-las e saboreá-las.
Se é um espaço para exorcizar os egos, vou desabafar, dizer tudo o que me apetecer, tudo o que chegar à minha cabeça e dela conseguir chegar aos dedos do teclado, sobre ti. Sim sobre tu que lês, não penses que não sinto que lês, eu sei que lês. E é mesmo sobre ti que vou desabafar. Por isto quero conseguir misturar, o exorcismo do meu ego com o extremo prazer do “voyer” que sente ser para ele, a acção.


Quero que apareças na minha vida, ao acaso. E desta vez quero beijar-te.


Preciso olhar nos teus olhos e finalmente sentir amor, carinho e paz.


Sei que temos que falar, não sei que te diga neste momento.


Devíamos ter feito amor um com o outro, hoje estávamos mais próximos.


Se por um segundo conseguisses ver-te, como eu te vejo. Acreditavas na minha paixão.


Foi conturbado o nosso encontro, sinto que estás feliz e gosto disso.


Não entendo o porquê de não conseguir chegar a ti, nem te permitir aqui chegar.


Tenho mesmo muitas saudades tuas, isso é bom, é sinal que foste mesmo muito para mim.


Foi bom dançar contigo.


Quase tudo o que vivi contigo foi uma chatice.


Sei, sinto e acredito que vais estar sempre por perto, e a distância é proporcional.


Fomos amadores, estúpidos, incompetentes, inconsequentes, perdulários, infantis, apaixonados, inseguros, náufragos, sobreviventes, meninos e meninas, um, dois, três, nenhum. E desencontramo-nos.


Já passou imenso tempo desde da última vez que te vi sorrir.


Se a tua irmã, ui, se a tua irmã se tivesse apaixonado por mim, ui, nem sei.


Acho que o momento em que tivemos mais próximos foi no encontro furtivo no comboio da CP em direcção a Cascais, tenho a sensação que nunca tínhamos estado apenas os dois.


É difi-ficil, mas a vida é contínua, e por isso mesmo continua, Verdade estúpida, é assim mesmo a vida.


É difícil mas tu sabes que vale a pena a luta, porque estás do teu lado, porque fazes tudo o que consegues. É complicado não nos irmos a baixo quando parece, parece, parece que tudo corre mal. Tu restas-te, e continuas, é difícil mas tu sabes que vale a pena. O que dizem? São cobardes.


Ainda não nos conhecemos, mas a curiosidade é recíproca.

quarta-feira

Como sou gago, sempre tentei e ultimamente consigo, viver a minha vida apaixonado, este samba de Noel Rosa de 1930, encanta-me.





Mu-mulher, em mim tu fizeste um estrago
Eu de nervoso tou fi-fi-fi-fi-fi-fi-fi-fi-fi-fi-fi-fi-ficando gago
Mal po-posso com a crueldade da saudade
Que maldade, que maldade, vivo sem afago, sem afago.

Teu teu coração tu tu me entregaste
Mas depois de mim tu toma-ma tu toma-maste
Só só por ter sofri-fri-fri-fri-frido
Tu tu tu tu tu tu tu tens
Um Coração fi-fi-fingido.

Tem pena tem pena tem pena deste moribundo
Que já virou vaga-gaga-vaga-vagabundo
A tua falsidade é profu-funda
Tu tu tu tu tu tu vais
Tu vais ficar corcunda!

Teu coração tu tu tu me entregaste
Mas depois de mim tu toma-ma tu toma-maste
A tua falsidade é profu-funda
Tu tu tu tu tu tu tu tu tu tu vais
Tu vais ficar corcunda!!

Tu tu tu tu tu tu tu tu tu vais
Tu vais ficar corcunda!!

Tu tu tu tu tu tu tu tu tu vais
Tu vais ficar corcunda!!

Gosto mesmo de Vespas


Quiz musical #04
dificuldade=3/5

"(...)
Eu gosto dos que têm fome
dos que morrem de vontade
dos que secam de desejo
dos que ardem..."

terça-feira

Sinopse de Manuela, Cravo e Canela.

Manuela, Cravo e Canela é uma pequena novela que narra a história, por vezes atribulada, por vezes dramática, por vezes desastrosa, outras vezes alegre, algumas vezes com prazer; de uma brasileira caipira que vem de uma terra no interior do Brasil com uma mala à frente e outra atrás, para Portugal.
É uma novela tri-legal!

segunda-feira

Vai ter inicio uma nova novela!
Manuela, Cravo e Canela.




Quando eu vim para esse mundo
Eu não atinava em nada
Hoje eu sou Manuela
Manuela ê meus camaradas
Eu nasci assim eu cresci assim e sou mesmo sim
Vou ser sempre assim Manuela, sempre Manuela
Quem me baptizou quem me nomeou
Pouco me importou é assim que eu sou
Manuela sempre Manuela

Quando eu vim para esse mundo
Eu não atinava em nada
Hoje eu sou Manuela
Manuela ê meus camaradas
Eu nasci assim eu cresci assim e sou mesmo sim
Vou ser sempre assim Manuela, sempre Manuela
Quem me baptizou quem me nomeou
Pouco me importou é assim que eu sou
Manuela sempre Manuela

Manuela sempre Manuela
Eu nasci assim eu cresci assim e sou mesmo sim
Vou ser sempre assim Manuela, sempre Manuela

Eu sou sempre igual não desejo o mal
Amo o natural etc e tal

Quiz musical #03
dificuldade=2/5

"(...)
The greatest thing you'll ever learn
Is just to love and be loved in return"

sexta-feira

Afinal de contas um pouco de narcisismo não fica mal a ninguém!

Pois Café

Quiz musical #2
dificuldade=4/5

"(...)
Je te le jure
tu as ma parole
je te dis la vérité
je t'explique cequi s'est passé
dis moi je ne suis pas si conne
tu es comme moi comme moi
je te dis la vérité
j'en suis bien fachée(...)"

quinta-feira










foto histórica, retrato do tempo em que ainda existiam dentes.

A doida mais doida que eu em acrobacias!



A prenda que a doida mais doida que eu, precisa!!




Hoje uma pérola linda e desdentada faz sete anos.

Eram cinco da tarde de um dia, numa altura em que tinha duas tardes livres por semana, não ia ao atelier e ficava em casa a dar explicações, ganhava muito mais dinheiro nessas duas tardes do que na semana inteira no atelier e assim ainda tinha duas tardes por semana em que podia ir buscar as doidas à escola.
Nessa tarde não estava nos meus melhores dias, nem me lembro muito bem porquê, mas também eu tenho cá uma tendência para não estar nos dias que são meus, ou porque a explicação correu mal, ou porque ela isto ou porque ela aquilo, ou porque o Benfica não joga nada à bola, ou devido a outra coisa qualquer sem importância nenhuma.
Chego à escola, a funcionária desconfia de que eu tenha autorização para levar as miúdas, era a primeira vez que me via, tem a atitude correcta, pede-me para ir falar à directora, a coisa lá se resolve com um telefonema para a minha irmã. E eu que já não estava nos meus dias, ainda fico mais mal disposto, estupidamente.
Vejo que a doida mais doida que eu, não vem com boa cara, parece chateada com a irmã mais velha.
Entramos os três no carro, cadeirinhas no sítio, cintos de segurança colocados, estamos prontos para a grande viagem de cinco minutos, arranco, não estava para grandes conversas.

- dá-me essa garrafa!!
- não dou.

- mas eu quero a garrafa.
- mas eu não quero te dar.

- mas preciso da garrafa!!!
estás a ouvir?
eu preciso da garrafa.

Depois de ter ouvido a palavra preciso umas quantas vezes, rebentei.

- porra já chega, tu não precisas coisa nenhuma dessa garrafa, tu só precisas de um lugar abrigado para dormir, de alguma coisa para comer e beber, e de um lugar para cagar e fazer xixi, não precisas de mais nada!!!

Trinta segundos de silêncio dentro do carro.

- estás enganado!!!

Olha-me esta, com cinco anos de idade a dizer-me que estou enganado, é que não me faltava mais nada. Olho pelo espelho retrovisor nos olhos dela, a segurança e certeza do seu olhar desarma-me.

- então estou enganado porquê?

- também precisas de amigos!!

Paro o carro de imediato, e num só movimento, tiro o cinto de segurança e salto para o banco de trás, encharco a doida de beijos e abraços e digo-lhe que ela tem toda a razão, eu é que andava enganado.

Obrigado e Parabéns, doida mais doida que eu.

Quiz musical #1
(consiste em descobrir a música e o autor de um excerto de uma letra)
dificuldade = 1/5

"(...)
How can they look into my eyes
And still they don't believe me?
How can they hear me say those words
Still they don't believe me?
And if they don't believe me now
Will they ever believe me?

(...)"

LIÇÕES QUE APRENDO DEPRESSA #01
PARA PERGUNTAS MESMO MUITO ESTUPIDAS, RESPOSTAS MESMO MUITO CURTAS.

quarta-feira

Ontem, perguntaram-me se eu gosto de Vinícius de Moraes.
A resposta foi sim é claro. Hoje voltei ao poeta, e surgiu uma pergunta em mim, será possível não gostar da poesia deste senhor e da música que a partir dela foi feita, quer por ele quer por seus parceiros, como ele gostava de chamar os seus amigos e companheiros de vida.
O documentário sobre a sua vida é maravilhoso, vale mesmo muito a pena ver.
Coloco aqui uma música dele de entre muitas que poderia colocar, não só porque gosto muito dela e do poema mas também porque gosto da forma como ele chama o pianista, no início, para tocar com ele.
Publico também uma imagem de um manuscrito, de um dos poemas mais belos que conheço do Vinícius de Moraes, obrigado por tuas palavras.







Para morrer basta mesmo, apenas estar vivo. Hoje morreram três mosquitos no vidro do carro em 30klm de auto-estrada, entre muitas outras realidades que estando vivas podem ter morrido hoje também. Paz para todos.

terça-feira

Apesar de não parecer, não esqueças que as aparências enganam e nem tudo o que escrevo aqui é pessoal ou tangível. Muito do que escrevo por aqui é ficção, são partes de um outro todo qualquer. E qualquer semelhança com a realidade pode ser mera coincidência, às vezes não.
Sinto alguma tristeza por existirem muitas mais pessoas que vêm aqui apenas passar os olhos, na verdade muitos dos textos que aqui publico têm como intenção tentar gerar algum diálogo sobre os mesmos, pode ser abuso da minha parte, pode até ser egoísmo, ou simplesmente completa esperança ilusória, mas é esta a intenção da maior parte do que aqui coloco, tentar perceber através dos comentários de quem me lê, afinal como é que sou lido e de que forma o outro sente e entende o que escrevo.
O Problema é que tenho uma percentagem muito pequena de comentários comparado com o número de visitas, penso que sucede o mesmo em quase todos os blogs, talvez não o da Radar onde existem pessoas que por cada visita depositam por lá uns dez comentários de cada vez. A dizer a cor das cuecas e o número de pingos de chuva que caíram ontem, entre outras inutilidades do género.
Não me considero escritor de nada, penso mesmo que não tenho muito jeito para a coisa, dou imensos erros ortográficos e gramaticais, trato mal a língua portuguesa e se há alguém que não merece de forma nenhuma ser mal tratada por mim é a língua portuguesa. Mas gosto de escrever, gosto de tentar colocar em palavras o que sinto, o que imagino, o que vislumbro, o que observo, o que vivo e o que imagino que se pode viver. Gosto da palavra.
Podes questionar de que forma vou usar ou não usar os teus comentários por aqui, mas essa pergunta é em parte ridícula, não tenhamos duvidas de que todos nos influenciamos a todos, que estamos todos interligados e que mesmo sem palavras basta existir qualquer tipo de proximidade para nos relacionarmos de alguma forma e assim, ao existirmos na vida uns dos outros, nos influenciarmos. É óbvio que a tua presença vai sempre actuar na minha escrita, na minha maneira de ver, pensar e sentir o mundo.
Chego a pensar que só estamos aqui e agora para isso mesmo, para nos relacionarmos, para nos encontrarmos e para partilharmos a nossa vida uns com os outros.
Depois, quase diariamente, alguém me afirma eu ser uma pessoa que pensa e fala demais, e eu já acredito nisso, de tanto o ouvir depressa cheguei à conclusão que pela lei da probabilidade, é muito mais provável que a maioria tenha razão. E então talvez o melhor seja começar a pensar menos, falar menos e escrever menos.

segunda-feira







Eram cinco para as cinco da manhã, acorda afogado em suor, precisa de água. Lá fora a água finalmente surge do céu com o seu cheiro e a sua música. Levanta-se vai até à cozinha e bebe um copo de água cheio sem respirar. O chão está frio, nunca dorme vestido e as pantufas estão encaixotadas noutro lugar. Vai nu e descalço. Acordou com a respiração ofegante, estava a ter um pesadelo, fugia mas não se lembra bem de quem, estranho, sente que fugia de si mesmo mas estava sempre no mesmo lugar, perseguia-se a si mesmo, e esse ele perseguidor estava parado sempre no mesmo lugar também, a dois metros, dois passos, dois momentos.
Às cinco da manhã entraste no meu sonho, com o teu corpo pequeno e redondo, moreno e belo. Sonhado assim. Cessaste a perseguição, com um simples sorriso, um toque, um vestido que cai ao chão, um corpo vislumbrado desnudado, uma pele de caramelo suave, quente, um cheiro envolvente.
O ele perseguidor e o ele fugitivo finalmente encontrados dentro de ti.
Dormiu descansado até às nove da manhã, acordou com apetite, voltou à água, agora quente, que cai sobre o seu corpo atordoado.


ânimo leve, e que bom é estar de ânimo leve, erguido, sem andar cabisbaixo, curvado pelo peso do ânimo pesado. expressão contraditória no meu ponto de vista. quem dera poder sempre fazer as coisas de ânimo leve, quem dera fazer sempre o que desejo, como quero, sem com isso prejudicar ou magoar os outros.

- não penses mais nisso, vais ver que ele fez isso de ânimo leve.

dizem que fazer as coisas de ânimo leve é fazê-las sem pensar nas consequências, e é tão bom fazer um monte de coisas sem pensar no: e depois?. e tão bom seria se as consequências fossem sempre boas. na interligação evidente dos eventos, na relação mais que íntima entre causas e efeitos, existem aqueles momentos, os momentos onde o ânimo está tão leve que até o corpo flutua.

Porque é que mais vale 1 na mão do que 2 a voar?

sexta-feira

The Pillow Book
Peter Greenaway





Toda a vida fiz cabulas, nunca as usei. Fazia cabulas para estudar, fazia cabulas para memorizar, depois, nos testes, ao invés de ir buscar as cabulas lembrava-me perfeitamente em que parte da mesma tinha escrito e o que tinha escrito nela, respondia às perguntas.
Quero escrever-te o corpo todo, o acto de escrever é libertador para mim, entrego-me de corpo e alma ao acto de escrever, ao escrever vivo e ao escrever ajudo a minha memória a arrumar as coisas no seu devido lugar, um lugar belo e de fácil acesso para mim.Quero escrever-te toda, guardar as nossas palavras na memória da tua pele, senti-la arrepiar-se ao toque do adjectivo, sentir-te estremecer na vibração do verbo, pousar junto a ti no planar das reticencias terminadas no teu umbigo.