Somos únicos, todos o dizem, todos o sentem, cada qual é como é, é um ser único. E a principal razão para assim ser não é o facto de uns sermos morenos, outros loiros, uns pretos, outros brancos, a principal razão para assim ser é o facto de cada qual sentir a realidade à sua maneira, particular.
A situação é a seguinte: um ovo é retirado do frigorífico e durante a viagem que o levaria à frigideira, escorrega da mão e cai ao chão, parte-se como é óbvio e suja o chão da cozinha.
Pessoas há que ficarão irritadíssimas, com o dia estragado. Outras vão culpabilizar-se e mal tratar-se por não ter segurado o ovo como deve ser. Outros vão ao frigorífico buscar outro ovo e pelo caminho até podem pisar o que partido está no chão. Outros vão rir-se com a situação. Até existe quem tente recuperar o que resta do ovo e ao invés de estrelar, mexe.
O que nos torna únicos é a forma como sentimos o que vivemos e como agimos na consequência disso. Por isso desejar que o outro sinta a realidade da mesma forma que nós, e interaja com ela segundo o nosso sentir, não só é desejar o impossível como não é lá muito bom, se outra pessoa no mundo sentisse a minha realidade exactamente da mesma maneira que eu, seria uma fotocópia de mim, e todos sabemos que eu não gosto de fotocópias, gaguejo com elas, eu gosto mesmo é do original, do diferente de mim.
Para gostar do igual a mim, já me basta eu mesmo e o quanto gosto disso.
Para gostar do outro, basta-me gostar de Ti.
sexta-feira
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1 opiniões:
Quem procura seu semelhante é o Narciso, esse que "acha feio o que não é espelho"... Não sei se procuramos pessoas complementares, ou simplesmente pessoas... mas realmente o que elas têm de bonito é a sua singularidade... aquele conjunto de tantas coisas que as fazem ser como são, com todos os seus defeitos e virtudes. Fantástica a tua singularidade, pois um ovo leva-te a uma reflexão... Eu cá ficava por uma gargalhada (se não fosse o ultimo) e pela esfregona na mão.
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