terça-feira

Debater Citações #02

Sempre gostei de citações, de sublinhar os livros, de escrever no meu bloco aquela frase que no meio de tantas letras me tocou, me fez pensar e viajar, sentir.


"Tenho de proclamar a minha incredulidade. Para mim não há nada de mais elevado que a ideia da inexistência de Deus. O Homem inventou Deus para poder viver sem se matar."

Fiodor Dostoievski in O Idiota


18 opiniões:

Anónimo disse...

O homem criou os deuses para explicar o inexplicavel... além disso a ideia do fim assusta a maior parte das pessoas...morrer e acabar ali não ser nada só pó, é como se a existencia não tivesse qualquer significado. Independentemente do faças e do que sejas morrer é o ponto final, eu acho que não há nada mais justo do que isso, todos nascem da mesma forma e quando terminam voltam a ser iguais. E sim não há nada mais elevado que a ideia da inexistencia de Deus, isso é ter consciencia que somos humanos e temos um principio e um fim...é aceitarmo-nos como somos.

Maura disse...

Eu faria um apontamento - o Homem fraco e que precisa de crer em algo que lhe é superior inventou Deus para poder viver sem se matar!

Não acredito nessa entidade superior e não é por aí que passam as minhas questões mais profundas.

Acho até que os humanos são pretenciosos demais ao acharem que existe algo supremo que olha por eles e que cada um de nós tem uma função para além de procriar (ou acabar com a espécie, dependendo da perspectiva).
Se não é pretenciosismo é comodismo, pois ao não admitirmos que nós somos o nosso próprio deus e o nosso próprio diabo, etc, relegamos em alguém (essa entidade suprema) as nossas responsabilidades.
É assustador demais para os crentes pensarem que podem ser quem quiserem e fazer o que quiserem, não é?

Anónimo disse...

Concordo inteiramente contigo Maura, é assustador responsabilizarmo-nos pelo nosso destino, e depois se a coisa não corre bem? Quem culpar?

LuisElMau disse...

eu culpo sempre as mulheres, para mim a culpa é feminina e é sempre das mulheres. se a minha vida não correr bem a culpa é delas, e se correr também. ;)

Deus é uma gaja! e o problema da frase do grande Fiodor é que o tradutor escreveu Homem com H grande, o que faz pensar que ele está a falar da humanidade, quando na verdade o que ele queria dizer era Homem de masculino, o Homem criou a mulher para poder viver sem se matar, era isso que ele queria dizer.

Manel disse...

Citação por citação: a única desculpa de Deus é não existir, dizia o senhor Stendhal.

Mas se dizes que é mulher, e há quem diga que é brasileiro, eu até diria que é mulata e sambista.

Manel disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Manel disse...
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Manel disse...

carago, desculpa lá, mas a este wireless está sempre a duplicar comentários quando venho ao teu blogue. haverá culpas, ou será a mulata a fazer das suas?

LuisElMau disse...

agora falando um pouco mais a sério.
nunca fui crente e sempre fui mesmo um radical descrente em quase tudo, principalmente em mim mesmo.
mas uma coisa consigo dizer, foram mais os momentos na minha vida em que senti que não era eu que tinha mão no meu destino mas sim que a vida me transportava para momentos que apesar das minhas supostas escolhas, as consequências e o que verdadeiramente cresci nesses momentos foram muito mais que meros resultados delas mesmas, das minhas escolhas.
não sei se me fiz entender, o que quero dizer é que muitas vezes na minha vida já senti que indiferentemente do que escolher a vida vai sempre conseguir fazer-me crescer num determinado sentido.
não acredito em destino, nem sequer sei muito bem se acredito em futuro, mas o que sinto é que a nossa sensação de que somos donos das nossas vidas porque podemos escolher o nosso caminho, muitas vezes é ilusório porque a escolha é impermanente, quase sempre escolhas o que escolheres o presente na sua essência não vai ser assim tão diferente.

o que esta frase do Fiodor me diz hoje em dia, é que existem realmente muitas pessoas que precisam mais de acreditar do que sentir que quando a morte nos leva os que em vida conseguimos amar, eles irão estar sempre connosco.

LuisElMau disse...

manel, seja bem aparecida.
a culpa ou é tua, ou da rede, ou da wireless ou da mulata, mas é de uma gaja de certeza.

Beijos.

Manel disse...

Penso que crer que temos totalmente o destino nas nossas mãos é também uma ilusão, e quase uma "delusion" megalómana. Não valemos nada, cosmicamente, somos meras formigas, grãos de areia, amibas high tech, é muito mais o que está fora do nosso controle do que o que não está. Acho que reconhecer isso é até uma forma de segurar e incrementar o controle possível, a verdade dá-nos sempre uma força que a negação nos tira. Mas concordo com a Maura, acho que é de uma arrogância brutal, acharmos que alguém nos fez à sua imagem, alguém nos vigia, alguém nos espera no fim da estrada. Somos animais, por mais que gostemos de pensar em nós como semi-deuses. Mas parte da nossa imensa beleza como espécie está precisamente na capacidade de, contra tudo e contra todos, tentar alcançar o inalcançável. É uma beleza infinitamente trágica, como todas as que são profundamente humanas.

Acredito em causa e efeito, e no acaso. E cada vez me parece mais que só seremos maiores na medida em que admitirmos a nossa pequenez. E admitir essa pequenez, essa solidão, essa vulnerabilidade, sem cair na tentação de inventar um paizinho, isso sim, é um belo de um desafio. Como tudo o que vale a pena, dá trabalho. E às vezes dói.


Mas, e desculpem o testamento, penso que os verdadeiros religiosos, os que se questionam e vivem a sua religiosidade autenticamente, já se libertaram bastante dessa noção de um dEus antropomórfico, e usam a palavra com uma carga simbólica de absoluto, não muito diferente da noção de que todos somos poeira estelar. Embora eu continue a achar que a palavra Deus é em si mesma antropomórfica. Mas apeteceu-me fazer um bocadinho de advogada do diabo...


(bem, se esta porcaria se publica três vezes, é a prova de que o raio da mulata embirra mesmo comigo...)

Anónimo disse...

As opções que tomamos na vida são feitas de acordo com a nossa personalidade daí a sensação que na sua essencia o presente não mudou nada ... tudo apenas porque se trata sempre de nós.

Quanto às pessoas que nós amamos, eu acredito que permanecem conosco para sempre. Mesmo que a sua presença na nossa vida seja efemera, a sua recordação é eterna e isso é imutavel. O problema de hoje em dia é que existe demasiada solidão, e quando estamos sozinhos sem ser por opção, normalmente somos péssima companhia de nós mesmos. Ouvimos sempre os pensamentos mais negativistas, e damos sempre largas à imaginação, que normalmente nos leva pelos caminhos mais negros. Daí a busca de algo pra além de nós...funciona tipo esperança. Eu prefiro acreditar no dia de hoje, esse é sempre da maxima importancia.

Manel disse...

ok, correu bem, já não me confesso amanhã...

LuisElMau disse...

manel, pelo sim pelo não confessa-te rapariga, é que eu já estou na minha versão do outro...
eu não acredito em gajas giras, mas que as há, há!!

e obrigado pelas palavras, gosto sempre de um bom bate papo e vejo que não estamos muito longe uns dos outros. no que sentimos.

succubus eu também ando maravilhado com o presente, e também penso que a nossa relação com essa coisa da religião tem muito a ver com a nossa relação com a dimensão temporal.

Anónimo disse...

Eu não ando nada maravilhada com o presente, aliás até está a ser uma grande bosta...mas o problema é que não sei se amanhã estou cá. O que quero dizer é prefiro lidar com factos do que com hipoteses....não gosto de "ses".

Manel disse...

Senhor El Mau, passe lá no estaminé, que tem uma prendinha para si, sim?

LuisElMau disse...

já passei e já comentei.
mais uma vez obrigado pelo link.
somos uns macacos mesmos, sua macacona, não leves a mal a brejueirice, tenho dias assim.

Beijos.

i scream disse...

acho que homem invetou o pecado do suicidio, apos a invencao da religiao catolica, para poder viver sem se matar. deus foi criado apenas para o homem nao ter tanto medo de morrer.