quarta-feira



Tudo começou quando Vera morreu. Era gémea de Ana. Conheceu Rui, estranhamente no funeral da irmã, que se tornou rapidamente mais do que um ombro amigo. Era o homem perfeito.

Passados seis meses de namoro, Rui continuava a surpreende-la com flores no trabalho, com os seus cozinhados tardios, entre outras pequenas coisas que a faziam sentir-se amada. Com os fins-de-semana, Ana até se esquecia da ocupada vida que tinha. Iam sempre para um refúgio diferente. Rui tratava de levar o pequeno-almoço à cama, acordava-a com beijos suaves, com carícias quase inocentes. Ana sentia-se a viver um sonho. E tudo porque o conheceu no funeral da sua gémea. Nunca pensou no facto de Vera ter ocultado tal amigo e em como isso era pouco vulgar da sua irmã. Rui até tinha um doce cadela com o nome de Estrela. Algo que ela escreveu no seu diário. Pois sonhara que quando tivesse a sua casa teria uma igual e com o mesmo nome. Rui dizia que se tinha inspirado em Ana para o nome. Que Ana era a sua ' estrela ' e que sem ela o céu era apenas um vácuo negro.

Numa das suas escapadelas amorosas, Pedro tirou esta foto. Pedro era um fotografo que ganhava a vida a tirar fotos nas esplanadas. Ficou hipnotizado pela magia que havia em Ana e Rui e na doce cadela Estrela.

Pedro recorda agora esse momento ao olhar para a foto. Resolveu ver o que tinha dentro de uma caixa esquecida e cheia de pó. Veio-lhe à memória a trágica noite desse dia. Ana fora encontrada na praia desmembrada e com o coração arrancado à força de uma faca. A doce cadela Estrela estava deitada inanimada com o corpo ainda dentro de água. Foi cruelmente afogada. Nessa noite Rui desapareceu. Nunca mais foi visto. Mais tarde a redacção de um jornal conceituado, recebeu uma carta de um Carlos.

A carta,

"Dei-me a conhecer a Ana pelo nome de Rui. Na verdade chamo-me Carlos. Passei anos a planear o que fazer quando descobri que a mãe de Ana tinha atropelado mortalmente a minha mãe, a única pessoa que tinha no mundo. A raiva levou-me a seduzir Vera, filha de Rosa. Matei-a com insulina. Mas a morte de Vera não foi satisfatória. Ainda sentia o ódio e a raiva. Lembrei-me que Vera tinha mencionado uma irmã, mas nunca imaginei que fossem gémeas. Senti a adrenalina nas veias. Ela seria a minha próxima vingança. Vera mencionou uma vez que a irmã queria uma cadela com o nome de Estrela e tencionava oferecer-lhe uma nos anos. Comprei-a eu. Comecei a sedução e não consegui parar. Rosa tinha de sentir o que eu sentia. Este vazio que não me deixa dormir, que não me deixa viver! Matei-a sem dó e à estúpida da cadela. Não sinto remorsos. Senti-me satisfeito por tudo ter corrido como planeado.

Decidi escrever esta carta para que Rosa saiba, que continuo aqui. Vou-lhe privar de todas as pessoas que ama. Esse é o meu objectivo."

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