quarta-feira





“Ui, meu deus… xiiiiiiiiiiiiiiiiiii….que coisa boa é beijar este homem assim de repente… já até esqueci o sabor do arroz de polvo malandrinho… e ainda bem…” pensava Raquel naquele instante e enquanto o beijo não terminava.
Foi de repente. Tinha sido um impulso. Ela não esperava mas recebeu-o com disponibilidade. O cigarro dele ainda queimava. E por ironia, o fumo seguia o seu rumo, atrás dela… como ele… ela, anti-tabagista insuportável a qualquer fumador que se preze, parecia agora não se importar com isso… estava absorta no beijo e no momento… tinha viajado para aquele espaço galáctico activo imaginário e saboroso que se voa quando se beija alguém com prazer. Estava visivelmente radiante, confiante e receptiva ao inesperado e à volúpia.
No meio de tudo isto, quem estava aflito e não achou grande graça foi o Patusco, que, à custa do esforço da Raquel encontrar os outros lábios, tinha também sentido na pele o esforço de os alcançar. E já começava a não aguentar mais o aperto na garganta e o sopro no coração.
Ela parecia estar imparável, confortável e preparada para ficar assim horas, se eles deixassem.
“Que loucura… ele não pára!... hummm, este vento na cara, sabe-me a ginjas!... estou ligeiramente esfumaçada… mas vale tanto a pena… Abençoada a lei nova do tabaco que nos obrigou a almoçar na rua ao frio e ao vento… ao sabor dos imprevistos... e da liberdade deste beijo” – continuava Raquel a pensar para dentro e a sentir para fora.

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