"Não é o ângulo recto que me atrai
nem a linha recta, dura, inflexível,
criada pelo Homem.
O que me atrai é a curva livre e sensual,
a curva que encontro nas montanhas
do meu pais,
no curso sinuoso dos seus rios,
nas ondas do mar,
no corpo da Mulher preferida.
De curvas é feito o universo.
O universo curvo de Einstein"
Oscar Niemeyer
sexta-feira
quinta-feira
Existem autores e algumas músicas desses autores, que mexem comigo de uma forma intensa, tão intensa que nem sei explicar o como e muito menos deduzir o porquê.
Nick Cave é um desses autores, comecei a ouvi-lo com mais atenção no Murder Ballads, já conhecia mas nunca lhe tinha dado a devida atenção. Com esse álbum a minha relação com a sua música mudou, dai para a frente fui dar atenção aos seus álbuns anteriores e sempre que um novo aparecia, ouvia-o.
Há algum tempo atrás encontrei um cd triplo B-Sides And Rarities, comprei logo, tem algumas músicas repetidas de outros cd’s e tem realmente algumas raridades divinais, como uma versão de Rainy Night In Soho dos Pogues, magistral.
Neste post faço a minha singela homenagem a uma música dele que adoro e que me faz lembrar algumas mulheres morenas, de cabelo negro, que conheço. Como adoro comboios a música ainda é mais bela para mim, fico a imaginar a beleza e profundidade das mulheres morenas e maravilhosas que conheço, no comboio.
É uma música triste, sem dúvida, sobre a despedida de um amor intenso. Mas é de uma beleza extrema e talvez seja por isso que sou incapaz de a ouvir sem me arrepiar.
Last night my kisses were banked in black hair
And in my bed, my lover, her hair was midnight black
And all her mystery dwelled within her black hair
And her black hair framed a happy heart-shaped face
And heavy-hooded eyes inside her black hair
Shined at me frome the depths of her hair of deepest black
While my fingers pushed into her straight black hair
Pulling her black hair back from her happy heart-shaped face
To kiss her milk-white throat, a dark curtain of black hair
Smothered me, my lover with her beautiful black hair
The smell of it is heavy. It is charged with life
On my fingers the smell of her deep black hair
Full of all my whispered words, her black hair
And wet with tears and good-byes, her hair of deepest black
All my tears cried against her milk-white throat
Hidden behind the curtain of her beautiful black hair
As deep as ink and black, black as the deepest sea
The smell of her black hair upon my pillow
Where her head and all its black hair did rest
Today she took a train to the West
Today she took a train to the West
Today she took a train to the West
O dia começou mesmo bem, até me emocionei.
Levantei-me, tinha uns livros e uns filmes para levar para o carro e por isso fui buscar outra mochila, maior. Quando a abro, encontro um bloco que me acompanhou durante um ano da minha vida e que já tinha dado como irremediavelmente perdido.
Um bloco que me acompanhou de Setembro de 2006 até Julho de 2007.
Nele existe um encontro profundo comigo, provavelmente como nunca tinha tido até então.
Nele está a aceitação e o largar do amargo do final de uma suposta relação amorosa.
Nele está o aparecimento da paixão, o que escrevo para a minha musa.
Nele, estão ideias soltas desconcertantes. Conversas de café que ouço. Receitas contra a insónia. O conto da caixa, ou a primeira versão dele. O conto do filho do bom homem, ou a primeira versão dele.
Muita paixão. Muita poesia escrita por me sentir apaixonado.
Ainda alguma mágoa que por vezes volta mas que é sempre menos forte ou importante.
Algumas citações, principalmente de Vinicius de Moraes e Fernando Pessoa.
Musica que procuro, livros que quero ler, filmes que me aconselham.
Alguns desenhos, mas poucos, desenhei pouco nesse ano e só agora no bloco novo estou a voltar a desenhar.
Uma lista de perguntas que queria fazer à anaBela.
O aparecimento do Sr.Grisalho.
Nele está a construção e fortalecimento de algumas relações de amizade, uma em especial.
Hoje o dia começou mesmo bem, ainda tinha alguma tristeza por ter perdido este bloco, e agora encontrei-o, só por isso abro o meu bloco ao acaso e transcrevo para aqui um pouco:
Primeiro entras e tiras os sapatos
Descalça sinto-te mais próxima
Sentas-te, cruzas as pernas
Por vezes deixas-me encruzilhado
Fechas os olhos, respiras
E eu sonho ser o ar que inspiras
Um dia sorriste
E agora…
A beleza invadiu o meu dia.
quarta-feira
Hoje sinto-me muito mais leve do que ontem, as coisas agora, sinto-as no seu lugar, tudo está a ficar arrumado.
Ontem ainda acordei com um sabor amargo na boca, sentimentos guardados dentro de mim, sem os conseguir gritar ao vento. Quando os verbalizei, voaram para fora de mim.
Era como se tivesse sempre duas cores dentro mim, o vermelho da paixão que sinto e o azul acinzentado que conseguia mostrar.
Perguntava-me, mas afinal o que quero dizer? E afinal será que ela quis dizer outra coisa com o que disse realmente?
Perguntas e mais perguntas nunca feitas e sempre sem resposta, apenas mais suposições, apenas mais hipóteses, apenas mais ilusões, apenas mais projecções.
Hoje está tudo no seu lugar.
Ontem acordei a chupar um limão
Hoje sinto-me livre, de ser vermelho, de ser azul.
Tenho um arco-íris dentro de mim.
terça-feira
Esperei algum tempo por uma resposta tua, sem nunca ter feito a pergunta.
Deduzi muitas vezes o teu sentir, sem nunca te ter sentido.
Sonhei a dormir e acordado com o contrário do óbvio.
Felizmente não alimentei o sonho nem a expectativa.
Afastei-me de ti para ser mais fácil aceitar a realidade dos factos.
Mas tu guardas em ti uma beleza que me encharca.
Quando voltei a me aproximar…
Voltou o encantamento sobre o desconhecido que guardas.
Mas desta vez, apesar de ter voltado a não perguntar,
Apesar de ter voltado a não sentir
Apesar de ter voltado a sonhar.
Tu respondeste.
Mas desta vez foi mais duro, foi melhor.
segunda-feira
sábado
quinta-feira
Continua a ser fácil encontrar a felicidade, como em criança. Muitas vezes basta ter duas meninas a olhar para mim e por perto, sou narciso e gosto de ser observado, tanto quanto gosto de observar. E ter duas garrafas na mão. Assim também eu tenho um sorriso nos lábios e caminho confiante.
Elevar Seio Sul Um
Elevar Eu Sim Luso
Ela Livre Seu Sumo
Ela Museu Se Livro
Leal Esse Ouvir Um
Leal Rei Museu Vos
Leal Resumo Se Viu
Lesma Livre Eu Uso
Suave Rei Mel Luso
quarta-feira
Bate outra vez
Com esperanças o meu coração
Pois já vai terminando o verão
Enfim
Volto ao jardim
Com a certeza que devo chorar
Pois bem sei que não queres voltar
Para mim
Queixo-me às rosas
Que bobagem! as rosas não falam
Simplesmente as rosas exalam
O perfume que roubam de ti
Ah! Devias vir
Para ver os meus olhos tristonhos
E quem sabe sonhar os meus sonhos
Por fim
terça-feira
by Barlow / Rhodes
One day I met a precious soul
Who's words had touched my heart
His poetry resounded so
It tone my soul apart
But when I tried my thoughts to speak
Emotion made my mind so weak
And time stood still for years and years
I bathed him in my tears
I cried, I tried
Tears of joy tears of pain
I cried, I cried
Tears of love again and again
Some people turn to pills and things
To help them throught the day
To take them up or down or just
To ease the blues away
But me I really want to feel
The ups and downs of life so real
Happy or sad emotions reign
My tears flow just the same
I cried, I tried
Tears of joy tears of pain
I cried, I cried
Tears of love again and again
I cried, I tried
Tears of joy tears of pain
I cried, I cried
Tears of love again and again
Gonna turn so completely I leave no trace
Through so many out there would laugh in my face
For wearing emotion so close to the skin
Condamn me they might it to love's such a sin
I cried, I tried
Tears of joy tears of pain
I cried, I cried
Tears of love again and again
I cried, I tried
Tears of joy tears of pain
I cried, I cried
Tears of love again and again
sexta-feira
quarta-feira
quinta-feira
Não tenhamos duvidas, nem tão pouco vale de muito acreditar, e perder tempo a sonhar que somos capazes de mudar o mundo é inútil. Se continuarmos a entender essa realidade chamada de mundo, como algo que nos rodeia, ou que nos enclausura, ou que nos contem.
É errado, não é o mundo que te contem, és tu que conténs o mundo e todo o teu mundo existe é dentro de ti.
Não vais conseguir mudar a cor do céu, de nada te vale desejar alterar a forma dos olhos do outro que amas. Não nos é possível mudar os outros, apenas conseguimos nos mudar a nós mesmos, mesmo partindo do principio obvio de que tudo está em constante mudança. Não controlas ou direccionas essa mudança, apenas consegues influenciar a mudança que ocorre em ti.
Agora, se entendermos que o mundo todo existe em nós, e se conseguirmos direccionar a mudança que acontece em nós, estamos imediatamente a mudar o mundo.
Ao nos mudarmos a nós mesmos, ao nos darmos e mostrarmo-nos mudados ao outro, vamos sempre, no mínimo, insinuar ao outro uma nova realidade, um novo caminho, uma mudança.
É também isto que construi o amor, é também isto que ajuda a fortalecer uma relação amorosa.
Quantas pessoas conhecemos e já ouvimos queixarem-se do outro que dizem amar? Ele não demonstra amar-me, ele é tão ciumento, ele só trabalha, se ele fosse menos ou se ele fosse mais, se ele fosse assim ou se ele fosse de outra forma qualquer. Continuamos a sonhar mudar o outro e muito raramente encontramos alguém que queira se mudar a si mesmo. Enquanto continuarmos a desejar muito mais receber do que dar, vamos estar todos a caminhar a passos largos para a solidão, profunda solidão.
A minha experiência mostra-me isto mesmo, quantas pessoas à minha volta, sobretudo as que me amam profundamente e já o demonstraram claramente, demonstraram também ao longo do tempo, preocupação comigo, com a minha tristeza, com a minha dependência, com o meu apego profundo e feito de desapegos claros. No dia em que decidi olhar para mim mesmo, mudar o que não gostava em mim, mudar o meu mundo interior, mudar o mundo onde vivo e depois partilhar essa mudança, esse novo eu, esse novo mundo, com os que amo; um novo mundo, um mundo novo surgiu ao meu redor e dentro de mim e nos olhos dos que amo. Um mundo maravilhosamente novo surgiu vertiginosamente em mim.
Eu já mudei um pouco o mundo.