segunda-feira

Existem filmes assim, vivos. Por mais vezes que os veja, são sempre novos. In The Mood for Love é um deles, de cada vez que o vejo sinto algo novo, capto uma nova ideia, uma nova sensação, um significado.
É uma entidade viva que comunica comigo, é a minha percepção que faz o filme, é a imagem, é a musica, é o tempo.
Este sabado voltei a vê-lo, e mais uma vez o que vi, o que senti e o que pensei foi novo.
É como o amor, existem amores assim, vivos, de cada vez que encontras o teu amor ele é sempre o inesgotável mistério, a plena sintonia.
In The Mood for Love, no título em inglês, Disponivel para Amar em português, ou disposto a amar, ou a possiblidade de amar, ou simplesmente duas pessoas que se encontram, que se tocam e que partilham.
Existem relógios, mas não são eles que marcam o tempo, que carimbam a memória. São os maravilhosos vestidos delA. E tantas vezes assim é, já não te lembras bem em que dia foi, ou que horas eram, mas lembras-te que ela estava vestida com aquela saia vermelha, esvoaçante, enebriante. E tu de subito eras pequeno por entre tanta luz.
As mãos, o toque. Palavras para quê? afinal? o que me marca, o que guardo em mim, não são as palavras que disse ou que não disse, não são as afirmações ou questões que ouvi. O que guardo mesmo do meu encontro com o outro, com o mundo, é o calor, a textura e o cheiro, o seu gosto, o som do seu movimento ou o silêncio da sua presença em mim.
Como é bonito o toque no filme, subtil, diz tudo, o que aquele que apenas estiver aberto a entender as palavras não percebeu, o que quem sente reconhece com prazer, até com nostalgia do futuro.
Se ainda não viste, vê. Se já viste, vê. Se ainda não amaste, ama. Se já amaste, ama. Ama simplesmente.

1 opiniões:

A disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.