quinta-feira



A tasca é uma loja das antigas, aquele espaço que fica à altura da rua, onde os bois viviam com o seu carro, por debaixo das pessoas. Tem duas portas, uma muito grande e dividida em três, por onde os bois saiam com o seu carro, e uma mais pequena, por onde as pessoas entravam e saiam. Entre elas existe uma parede sozinha e quase insignificante ao olhar, mas que é uma das razões principais para as portas abrirem e fecharem.
Hoje é uma tasca, todos entram e saem por uma qualquer porta, não sei se bois, não sei se pessoas. Eu estou sentado de frente para as portas e observo a rua. É noite.
Um homem surge por trás de mim e quase choca comigo, não fala e segue em frente. Estará bêbado? Choca com a parede insignificante.
Um homem quase cego sai da tasca pela porta grande e vira à direita, desce a rua, no preciso instante em que atravessa o meu campo de visão através da porta pequena, cruza-se com uma mulher de óculos escuros, ela dá quatro passos e para no centro do meu raio de visão através da porta grande, o homem já não o vejo. Ela dá meia volta e volta para trás, atravessa o meu campo de observação pela porta pequena e desce a rua. Foi atrás do homem, encontrou-o. Estarei cego?

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