quarta-feira

“Durante 10anos, estivera protegida por algo como um grande véu, que tinha sido tecido numa única peça a partir de uma variedade de coisas distintas. Quem não tenta sair dele não se apercebe em absoluto do seu calor. Um véu a uma boa temperatura, justamente – ao ponto de nem sequer se perceber que se está dentro dele, enquanto não se está na situação de não poder voltar para trás. E esse véu era o mar, a cidade no seu conjunto, a família Yamamoto, a minha mãe, o meu pai que vive longe. Tudo isso me envolvia na altura com suavidade. Eu estou divertida e feliz em qualquer altura, mas por vezes fico nostálgica com memórias daquela época, ao ponto de estar triste e de me ser insuportável. Em alturas dessas, as imagens que mais tenho revivido têm sempre sido as de Tsugumi brincando com o cão na praia e de Yôko empurrando risonhamente a bicicleta e andando pelo caminho à noite”

(in Adeus, Tsugumi de Banana Yoshimotopág.32/33)

O Passado é esse senhor aí, atrás de ti!
Esse aí, à tua frente!
É sempre esse senhor, Grisalho, que se quer fazer Presente.
Por vezes presenteia-nos com sentimentos belos e bons, memórias quentes aconchegantes, abraça-nos.
Noutras alturas trás consigo uma cavalaria, uma infantaria, mutila-nos.
É guerra que quer, e muitas vezes parte de volta ao seu lugar deixando-nos moribundos.

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