Questiona-me, dúvida de mim, não quero dizer com isto para não acreditares no que te escrevo, ou não acreditares no que mostro, te dou.
Não aceites o que recebes de mim, sem o sentir, sem o questionar. Nada em mim é inquestionável, tudo é contraditório. Eu sou paradigma mente, um paradoxo, constante na impermanência.
Ajuda-me a não ter tantas certezas, que mais cedo ou mais tarde, mas inevitavelmente, vão cair, qual castelo de cartas, qual domino, neste jogo que me parece não conseguir deixar de jogar, e que consiste em competir eu com as minhas certezas contra mim mesmo e as minhas duvidas.
Ajuda-me a não estar sempre renitente em relação ao futuro, teimoso no que ao presente diz respeito. Mostra-me sempre o teu ponto de vista, não tentes fazer do meu, teu.
Concorda quando concordares, discorda se discordares, partilha.
Leva-me ao teu mundo, vem passear comigo no meu. Tentemos fazer estas viagens de mãos dadas. Chama pela minha atenção, cativa-me.
Vem, mas não tragas muitas fantasias, vem aberta a conhecer o meu mundo, senti-lo, cheira-lo, toca-lhe, tenta decifra-lo no teu muito próprio método de decifrar códigos, palavras, encontros. Deixa-me tentar fazer o mesmo no teu. Se o fizeres vais mostrar-me uma outra forma de me ver, vais me apresentar um outro, eu. Se o conseguires vais me presentear com o teu reflexo de mim, um outro eu, o que vislumbras, o que procuras admirar e gostar. E quem sabe eu também consiga amar esse novo, eu, o eu que vislumbras. Mas vem, e deixa-me chegar a ti, de avião, de comboio, de bicicleta ou a nado, tanto faz, vem simplesmente.
Há dias, alguém, já muito especial, e mais uma vez a vida vem me mostrar que o tempo é mesmo relativo, afirmou sobre mim: cheio de duvidas o menino.
Tenho muitas, gosto delas, das dúvidas, das questões, dos porquês, sou um ser pragmático na eterna falta de prática em viver, sou um ser racional na constante emoção e sensação à flor da pele, de estar vivo.
E pronto, lá vou eu seguir viagem com o meu camarada pragmático e racional, a dúvida de hoje é ela mesmo, a própria, afinal o que é a dúvida?
A dúvida é a incerteza sobre a realidade de um facto ou verdade de uma asserção, e uma asserção é o quê? Uma afirmação, uma proposição afirmativa ou negativa enunciada como verdadeira, uma alegação.
Para tudo. Aqui, Aí, Agora ou nesse momento.
Que quero eu saber sobre a incerteza dos factos? Se os factos foram, estão e serão sentidos e vividos, não pode existir incertezas nisso, Eu senti, Tu sentiste, Nós sentimos. Ponto Final. Eu sinto, Tu sentes, nós sentimos, virgula, e virgula porquê? Porque a virgula é tão somente uma pequena pausa de espera, espera para respirar e continuar, continuar a ler, continuar a viver, continuar a sentir, logo, Eu sentirei, Tu sentirás, nós sentiremos.
Não restam dúvidas, nem sequer existem certezas, o camarada pragmático e racional está de férias, volta noutro dia para continuar esta brincadeira.
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