The National - Boxer, fabuloso álbum de uma banda que não conhecia, agora irei conhecer o resto da discografia deles, este álbum é neste momento o que tenho andado a ouvir no iPod, estou encantado. Cinco Estrelas.
terça-feira
quarta-feira
há musicas intemporais, ele passa, elas não. esta é uma dessas para mim.
I Know It's Over - The Smiths
Oh Mother, I can feel the soil falling over my head
And as I climb into an empty bed
Oh well. Enough said.
I know it's over - still I cling
I don't know where else I can go
Oh ... Oh Mother, I can feel the soil falling over my head
See, the sea wants to take me
The knife wants to slit me
Do you think you can help me?
Sad veiled bride, please be happy
Handsome groom, give her room
Loud, loutish lover, treat her kindly
(Though she needs you
More than she loves you)
And I know it's over - still I cling
I don't know where else I can go
Over and over and over and over
Over and over, la ...
I know it's over
And it never really began
But in my heart it was so real
And you even spoke to me, and said :
"If you're so funny
Then why are you on your own tonight?
And if you're so clever
Then why are you on your own tonight?
If you're so very entertaining
Then why are you on your own tonight?
If you're so very good-looking
Why do you sleep alone tonight?
I know ... 'Cause tonight is just like any other night
That's why you're on your own tonight
With your triumphs and your charms
While they're in each other's arms..."
It's so easy to laugh
It's so easy to hate
It takes strength to be gentle and kind
Over, over, over, over
It's so easy to laugh
It's so easy to hate
It takes guts to be gentle and kind
Over, over
Love is Natural and Real
But not for you, my love
Not tonight, my love
Love is Natural and Real
But not for such as you and I, my love
Oh Mother, I can feel the soil falling over my head
Forbidden Colours
The wounds on your hands never seem to heal
I thought all I needed was to believe
Here am I, a lifetime away from you
The blood of Christ, or the beat of my heart
My love wears forbidden colours
My life believes
Senseless years thunder by
Millions are willing to give their lives for you
Does nothing live on?
Learning to cope with feelings aroused in me
My hands in the soil, buried inside of myself
My love wears forbidden colours
My life believes in you once again
I'll go walking in circles
While doubting the very ground beneath me
Trying to show unquestioning faith in everything
Here am I, a lifetime away from you
The blood of Christ, or a change of heart
My love wears forbidden colours
My life believes
My love wears forbidden colours
My life believes in you once again
As histórias que contam acerca de um sentimento existente entre personagens de um enredo, iniciado no passado e no passado terminado, têm apenas um fim possível, o que já aconteceu.
Por outro lado, as iniciadas no passado e no futuro terminadas, um qualquer fim podem ter. O melhor se possível, o melhor de nós no mínimo, se possível nunca um mau, nenhum desleal.
As histórias que narram esse mesmo sentimento entre personagens do futuro, tendem a terminar ou com uma metáfora sobre um fim passado do autor, ou com uma projecção de um sonho do autor, ou com um fim insípido.
Porque o futuro é, é e sempre será a parte do tempo mais individual, o passado e o presente sempre o partilhamos com alguém, o futuro pode ser apenas nosso e é nele que devemos nos projectar, sempre.
O futuro a Deus pertence, logo pertence-me.
Quando o futuro for presente, se Deus quiser, será então partilhado com quem nele existir.
terça-feira
segunda-feira
Penso primeiro, penso uma vez e questiono, duvido, não acredito na conclusão.
Penso mais, penso duas vezes, concluo outra coisa, duvido.
Penso mais, penso três vezes, desempato, fico com a aparente certeza.
Ajo por impulso, nunca levo em conta o meu pensamento.
Normalmente quando faço o que penso, racionalmente arrependo-me mais tarde.
E depois tem outra coisa, devemos ter algum cuidado com as nossas afirmações de certeza.
À uns meses atrás escrevi um posto chamado: Um Dia Descemos Juntos.
Errado, não descemos juntos, subimos juntos o quebra-costas.
Fui tomar o pequeno-almoço e almoçar e lanchar em Coimbra neste domingo. Agi por impulso. Primeiro tinha pensado em ir, vou fazer uma pequena loucura. Depois tinha pensado em não ir, vou gastar imenso dinheiro e na verdade uma semana depois… Depois pensei em ir, não posso faltar, mais uma vez, à minha palavra. Depois no último minuto senti e ainda consegui pensar… estou mesmo bêbado, não consigo ir.
Mas vou assim mesmo.
E fui.
Foi bom.
Como é bom responder aos impulsos, cometer loucuras, estar com as pessoas, dormir nos comboios, viver momentos fora da rotina, ter memórias boas e longínquas que se cruzam com novos momentos bons, e partilhar isso tudo com quem está ao nosso lado.
Obrigado Ana pelo domingo, foi a melhor ressaca da minha vida, se todas fossem assim, então é que não tentava diminuir no álcool.
Parece impossível!
Oh! Diabo
Este sol…
Afinal as cadeiras fazem tanto barulho.
E ainda deu tempo de comprar uma prenda para a mãe e jantar com ela, antes de começar a tentar dormir em oito horas, as nenhumas que dormi durante o fim-de-semana.
quinta-feira
Estou num autocarro é de noite, o tempo está de chuva, não muita. Os vidros do autocarro estão pingados, a rua está mal iluminada, o ambiente aqui dentro está húmido e fechado, ninguém abre nenhuma janela devido ao frio que deve fazer lá fora.
Não me lembro de ter entrado neste transporte, não sei se entrei sozinho ou acompanhado, viajo num lugar sentado individual, do lado esquerdo do autocarro, virado de frente e o condutor, que reparo agora ser condutora, vai três lugares à minha frente.
Os faróis do veículo, apesar de acesos, do lugar onde me encontro, praticamente não iluminam o caminho por onde seguimos.
Tenho a impressão de já ter passado nesta rua, é o que sinto ao olhar para o meu lado esquerdo, por entre os pingos de água que escorrem pelo vidro, na horizontal, devido ao vento e à velocidade a que a máquina se desloca no espaço, que neste momento não é muita. Há pouco, ou aqui ou em outra rua idêntica a esta, tive uma sensação estranha, de que estava num lugar ao qual não pertencia e que nem de resto aqui deveria estar, que era estrangeiro. Agora, depois do déjà vu, a impressão foi ainda mais estranha; não posso afirmar com certeza, porque não consegui realmente observar todas as poucas pessoas que passavam na rua, mas fiquei com a certeza de que todos os vultos que consegui vislumbrar eram femininos.
À minha frente, de costas para mim, viaja uma senhora, do pouco que consigo observar dela, diria tratar-se de uma mulher entre os quarenta e cinco e os cinquenta e cinco anos de idade, que trabalha até tarde e desse trabalho regressa. Não sei que horas são, mas parece ser tarde, parece ir já longa a noite, a lua está já mais perto de voltar a partir do que do momento em que regressou. Na frente desta senhora e ainda de costas para mim ou de frente para o caminho, depende do ponto de vista, viaja uma rapariga que não desvia o olhar da rua à nossa esquerda, apesar de não observar nada do que lá fora acontece, aos meus olhos, e nem mesmo observar o reflexo do que se passa cá dentro. Caso fosse o reflexo que ela observasse, teria cruzado o seu olhar com o meu, não aconteceu. Olha na direcção da rua e olha agora, mas o seu olhar não está na rua, nem aqui nem agora. Observa outro lugar noutra altura ou então não quer observar a mulher que viaja à sua frente, essa sim de frente para ela, de frente para a senhora que regressa do trabalho à minha frente e de frente para mim, ou de costas para o rumo do caminho.
Detenho-me a tentar observar esta mulher sem ser interceptado por ninguém, principalmente por ela, durante esta minha contenda.
Parece-me logo uma mulher a evitar, logo à primeira vista. Vou tentar expor a minha ideia sobre o porquê da minha estranheza ou medo.
É uma mulher que viaja entre os trinta e os quarenta anos de idade, e sim, os números são importantes para mim assim como o tempo. Está vestida com uma gabardina preta e saltos altos da mesma cor, não consigo perceber o que tem vestido por debaixo da gabardina, tem um lenço vermelho à volta do pescoço, uma coleira de seda vermelha que dá um nó sobre si mesma apertando o suporte físico da cabeça e deixando cair de um dos lados uma longa ponta que promete esvoaçar ao vento, quando ele aparecer ou quando o movimento o proporcionar. Tem cabelos pretos, lisos e longos, oleados ou já húmidos ou molhados da chuva que continua, por vezes menos tímida, a cair lá fora e de onde suponho que ela tenha vindo.
Durante o período de tempo que demoro a chegar a estas descrições, nada a mencionar acontece. No entanto, sem esperar, sonhar, supor ou imaginar, uma voz surge à minha consciência vinda por detrás de mim:
- Tenta passar despercebido, não digas nada, tenta não olhar para lado nenhum e faz tudo o que estiver ao teu alcance para te mentalizares que não estás aqui. Como já deves ter sentido, não deverias aqui estar e não pertences a este lugar. Essa tua atitude observadora é perigosa e neste lugar só te pode trazer males maiores que aqueles que já carregas contigo. Se queres ouvir um conselho, assim que a porta deste autocarro abrir, sai, não tomes nenhuma outra iniciativa que não seja essa, esperar que a porta abra e sair, normalmente.
E voltou o silêncio, comecei um leve movimento para me virar de costas, pelo meu lado esquerdo para com esse movimento tentar vislumbrar pelo reflexo do vidro quem estaria por trás de mim, antes do contacto directo.
- Não sejas tonto, nem sabes o que arriscas ao arriscar. Acredita por uma vez na tua vida, acredita na dúvida sem com isso te sentires obrigado a procurar a certeza. Se olhares para trás vais ter a certeza que não queres e com a qual não vais conseguir lidar. Fica quieto, se conseguires não respirar ainda melhor. A porta vai abrir, não falta muito tempo e já muito conseguiste estar aqui.
Fiquei parado, gelado, quedo imóvel, frigido estupefacto, e foi impossível seguir o conselho que acabara de ouvir, não consegui disfarçar a minha fragilidade, insegurança, inquietação de incerteza. O medo atrai o perigo.
A voz do conselho era uma voz feminina, jovial. Transmitia calma clareza e força mas parecia infantil ao mesmo tempo. Não seria uma criança a falar, a dicção era correcta e o conteúdo profundo demais na medição das minhas hierarquias. Quem seria? A dúvida tinha chegado acompanhada da sua irmã gémea, mais nova, a curiosidade.
Continuei petrificado neste autocarro, não sei se olhei para trás ou para a frente, não sei se observei a mulher que de costas viajava ou se tentei observar a mulher miúda que atrás de mim viajava.
Sei, que sem reparar em movimento algum, a mulher que viaja entre os quarenta e cinco e os cinquenta e cinco anos de idade está parada, de pé, à minha direita, à minha frente. Agora é impossível sair deste transporte, mesmo que a porta seja aberta. Olha directamente para mim, questiona, o que faço eu aqui? Sinto-me uma presa.
Não tenho outra alternativa se não olhar para ela, de que vale agora tentar passar despercebido, o conselho que tinha ouvido já não pode ser seguido, fui descoberto. É inegável, estou aqui. Olho nos olhos dela, e ela sorri com o olhar, vejo sarcasmo, sinto o abismo.
Olho na direcção dos olhos desta mulher, mas não vejo alma alguma, não por ela desviar o olhar, mas porque existe um filtro entre nós, o filtro do desconhecido, do perigo. Sinto-a como se sente um predador. Tenho que a enfrentar se quiser escapar, de nada vale fugir. Agora é entre mim e ela, o desafio está lançado, a festa vai começar.
O autocarro que viajava numa penumbra misteriosa, onde nem os faróis iluminavam o caminho, agora está completamente iluminado, existem vários olhares a agir na minha direcção e por fim tenho consciência do que já sentia, neste autocarro só viajam mulheres e na rua por onde viajamos sem fim, apenas mulheres circulam.
Com o olhar questiono a mulher da gabardina preta, agora é a minha vez de agir, sem palavras, apenas com o movimento e a linguagem corporal, pergunto-lhe o que ela deseja de mim.
A gabardina é aberta e cai no chão, por baixo dela existe apenas um par de cuecas de renda, pretas quando não transparentes. São rasgadas por ela e no chão vão cair também. O tempo para, está à minha frente uma mulher de corpo esbelto, branco, redondo. Calça uns sapatos de salto alto, pretos e tem o lenço de seda vermelho ao pescoço. E foi neste sequência de observações de cheguei aos olhos dela novamente, comecei de baixo e cheguei lá a cima.
Salta para o meu colo, num movimento rápido, coreografado. Abre o meu casaco e a minha camisa, desenlaça o meu cinto e quando se prepara para abrir as minhas calças eu tento reagir, então grita.
- Estou aqui para te foder.
A expressão assusta-me, o medo que atraiu o perigo é transformado em pavor misturado com revolta e desejo de poder, virilidade. Estou sentado com uma mulher nua em cima de mim que tenta encontrar a fonte do meu prazer. O meu tesão dá-me força para agir e tentar reverter a situação. Levando-me do banco segurando a mulher nos meus braços pelas ancas, encosto-a a um varão do autocarro, o transporte começa a travar e vejo uma paragem que se aproxima, antes de a largar no chão beijo-a e com os dentes tiro-lhe o lenço de seda. É quando a porta abre e saio para a rua a correr, ainda olho para trás, as portas fecham-se e ninguém saiu atrás de mim. Com a partida do autocarro, parte também a luz que iluminava o lugar.
Estou parado no escuro, numa rua em linha recta, a mesma de onde me parece nunca ter saído enquanto viajava no autocarro. Vejo um entroncamento ao fundo, com uma rua à direita que chega a esta. É para lá que me desloco. Neste lado da rua não existem candeeiros e por entre descampados existem três casas de dois pisos, até ao entroncamento. Quando olho para os descampados para tentar ver a linha do horizonte, nada consigo ver que não seja escuridão e negro. Continuo a caminhar até atingir o entroncamento, o outro lado da rua está iluminado e todos os lotes estão ocupados, na sua maioria com comércio ao nível da rua e habitação no piso superior, apenas existem mulheres na rua. Neste lado da rua não existe ninguém.
Na esquina, existe uma grande árvore. É por baixo desta árvore que me sinto finalmente seguro e consigo respirar fundo, encosto-me ao tronco, agacho-me e consigo finalmente observar o que me rodeia, sem ser com a velocidade estonteante do receio ou através do canto do olho do despercebido. É aqui que fico com a certeza de só existirem mulheres neste rua, é aqui que vejo o autocarro aparecer ao fundo da rua, do meu lado esquerdo, para desaparecer no outro fundo, o direito.
Finalmente levanto-me e opto por seguir por esta nova rua, não sei onde estou, não sei como cheguei aqui, mas já percebi que não estou no meu lugar e que não deveria sequer aqui estar, por isso decido seguir por esta nova rua, procurar outro caminho.