Parece-me que estou a ficar mesmo louco.
Existem dias em que sinto que o livro que leio está realmente a falar comigo, ou a musica que ouço, sabe onde estou e quem sou.
A ler no Jardim da Estrela.
"Não odeio a regularidade das flores em canteiros. Odeio, porém, o emprego público das flores. Se os canteiros fossem em parques fechados, se as árvores crescessem sobre recantos feudais, se os bancos não tivessem alguém, haveria com que consolar-me na contemplação inútil dos jardins. Assim, na cidade, regrados mas úteis, os jardins são para mim como gaiolas, em que as espontaneidades coloridas das árvores e das flores não têm senão espaço para o não ter, lugar para dele não sair, e a beleza própria sem a vida que pertence a ela.
Mas há dias em que esta é a paisagem que me pertence, e em que entro como figurante numa tragédia cómica. Nesses dias estou errado, mas, pelo menos em certo modo, sou mais feliz. Se me distraio, julgo que tenho realmente casa, lar, aonde volte. Se me esqueço, sou normal, poupado para um fim, escovo um outro fato e leio um jornal todo." (Bernardo Soares - Livro do Desassossego)
terça-feira
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1 opiniões:
obrigada, luís pela tua visita. o livro do desassossego está sempre à minha cabeceira ;) e também foi bom ler o que tu escreveste. um beijo.
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