Tenho um muro intransponível, em qualquer sentido, quer de cá para aí, ou daí para aqui, para o Amor.
Não deixo o amor do outro chegar a mim, e o amor que tenho em mim e que é tanto, e tanto e tanto, e tanto ou tanto, porque tanto é, e que sinto por tanta beleza que vislumbro ao meu redor e por vezes em ti.
O meu amor, esse arde, queimando todo o oxigénio que existe em mim. Nem o fogo consegue transpor este escuro, este muro, e arder livremente.
Estou já completamente carbonizado.
Sinto que se não respirar mais, mato este calor, extingo o fogo ardente que há em mim.
Respiro, logo Amo.
“Verdes são os campos da cor do limão
Assim são os olhos do meu coração”
Mas as lembranças do meu coração. Até mesmo ou sobretudo, as lembranças do que não aconteceu, não me deixam parar.
Sobrevivo devido a elas, é a memória do beijo que não me autorizei te dar, do olá que o olhar e o sorriso conquistaram mas que a pele não ouviu, são essas e outras tantas memórias que me mantêm vivo. Por elas respiro, elas são o que respiro e a minha inspiração está na vontade delas, nunca na minha.
Bomba, explosão, dinamite ou broca gigante. Salto mortal para o abismo, mergulho profundo até encontrar o trampolim celeste que existe no fundo de mim e… ao som da musica. Saltar, saltar alto, muito alto, saltar por cima do muro, romper com o escudo, voar, gritar e ouvir-me a ser ouvido e sentir-te a seres tocada. Não é o que desejo. É o que vai acontecer, porque a vida é bela e isso é com certeza, o que ela quer para mim.
Dá tempo ao tempo, isso com o tempo passa. Mas que raio, diâmetro mesmo, elipse impossível ou ridícula. Não quero que as coisas passem por mim, quero que a vida aconteça, sempre, aqui e agora. Neste tempo e neste espaço. É o primeiro artigo de lei do meu código genético.
Art.1º: Neste corpo, aqui e agora, sempre, enquanto este corpo for vivo, a vida é para acontecer e nunca para passar.
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