sábado

“Todo dia o sol levanta
E a gente canta
Ao sol de todo dia

Fim da tarde a terra cora
E a gente chora
Porque finda a tarde

Vem a noite a lua mansa
E a gente dança
Venerando a noite”

“Todo dia o sol levanta
E a gente canta
Ao sol de todo dia

Fim da tarde a terra cora
E a gente chora
Porque finda a tarde

Vem a noite a lua mansa
E a gente dança
Venerando a noite”

“Todo dia o sol levanta
E a gente canta
Ao sol de todo dia

Fim da tarde a terra cora
E a gente chora
Porque finda a tarde

Vem a noite a lua mansa
E a gente dança
Venerando a noite”
(Caetano Veloso)


O caminho parecia curto, é já ali. Pensava…
Afinal de contas, um mais um. Tinha em ideia, já ter partido à já algum tempo. Dois.
Afinal era claro, bastava olhar, nem sequer ver era necessário. Partido. Era já a forma e conteúdo de tudo o que me rodeava. Cinco.
Apesar de ter ouvido. Dá tempo ao tempo. Acção ridícula, essa de dar algo que não se tem, a alguém que é feito daquilo que damos, nem sequer tendo.
Como posso eu, dar o que não possuo a alguém que o possui e possui-me. A mim também!

Quando o Sr. Grisalho disse. Vai! Eu fui. Não sou.
Com a convicção que era, já ali. O Lugar. O meu Lugar.

Afinal não dei tempo, ao tempo. Mas o tempo levou, o tempo que tinha. A passar, raramente a marcar. A roubar o tempo que não tenho, que devo, que me devo. A mim mesmo me digo que tenho o dever de o restituir.
Mas como me roubaram o que não tinha. Roubado nunca fui.

Afinal o que importa? Poeta.

“É por ao alto a gola do peludo à saída da pastelaria, e lá fora! Ah! Lá fora, rir de tudo. Com o sorriso admirável, de quem sabe e gosta, ter lavados, e muitos dentes brancos à mostra.”

Nascemos, Vivemos, e Morrermos. No mesmo Lugar. Aqui e Agora.
O Sr. Grisalho, Esteve, Está, e Estará. Sempre no mesmo Tempo. Agora e Aqui.

À dias numa tasca com balcão de mármore. Sabes meu rapaz, foi esse Sr. que aos dezassete me fez Homem. Deu-me Dois pares de estalos. Quatro ao todo. E disse-me: Vou fazer de Ti um Homem. O Sr. Grisalho.

O que és, o que o espelho te mostra, o que vês naquilo que o espelho te mostra, o que fazes com o que vês daquilo que o espelho te mostra, e afinal ou principalmente, a forma como te mostras ao espelho que te mostra aquilo que és. Tu.

E todo o dia o sol levanta.

Se algum dia te acontecer como ao Quixote: “(…) mais a cansava a ela o meu cansaço, do que a descansava o descanso que eu lhe queria dar (…)” Então não esqueças. Vai!

1 opiniões:

A disse...

Gosto deste teu deambular pelo Tempo, o enrolar as horas, o desfiar dos entretantos, as dúvidas que se enovelam tanto e tanto.

Gosto da verbalização que dessa angústia fazes.

A angústia que só se esvanece com o Futuro e o que com ele traga.
Esse senhor grisalho morre nesse Futuro pois todos temos a nossa hora marcada num futuro próximo e toda a angústia desaparece nesse minuto.

E traz Paz, essa Morte...

Beijos, Luís